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sábado, 24 de dezembro de 2016

Pera do Campo

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Uma das alternativas viáveis para a exploração racional de áreas de cerrado consideradas marginais para a agricultura e mesmo para a pecuária, talvez seja o cultivo de espécies nativas pertencentes a este ecossistema.
Entre as espécies nativas que apresentam potencialidade para serem cultivadas destaca-se a Eugenia klotzschiana Berg.
É uma planta que não pode faltar em projetos de recuperação dos cerrados.
Os frutos podem ser consumidos ao natural, ou sob a forma da deliciosa "limonada-de-cabacinha-do-campo", famosa na obra do escritor Guimarães Rosa, "Grande Sertão Veredas":
// Eu nem tinha começado a conversar com aquela moça, e
a poeira forte que deu no ar ajuntou nós dois, num grosso rojo
avermelhado. Então eu entrei, tomei um café coado por mão de
mulher, tomei refresco, limonada de pêra-do-campo. //
Apropriada para cultivo em vasos e bonsais.
Sinonímia
- Eugenia klotzschiana var. glabrata O.Berg;
CABAMIXÁ-AÇÚ vem do tupi guarani e significa "erva que dá fruto que aperta a língua", por causa da acidez do fruto, e o adjetivo Açu indica o tamanho grande do fruto. Também é chamada de Pêra do Campo, Perinha do campo e Cabacinha.[2]
Porte
Arbustos que formam touceiras de 60 cm a 2,5 m de altura.[2]
Caule
Caules eretos e pouco ramificados.
Os caules principais medem de 2 a 4 cm de diâmetro na base a 10 cm do solo, tem casca castanho escuro e fissurada (com estrias no sentido longitudinal).
Folhas
As folhas e ramos novos são densamente pilosos (com pelos curtos).
As folhas são simples, opostas, oblongas (mais longa que larga), coriácea (como couro) e pubescentes (com pelos longos).
A lâmina foliar mede 9 a 13 cm de comprimento por 3,5 a 6,2 cm de largura; o ápice é rotundo (abaulado) ou mucronado (que termina abruptamente em ponta dura e curta), e a base é cuneada (em forma de cunha), ou obtusa (arredondada).
Flores
As flores surgem em racemos (tipo de cacho) umbeliforme (com forma de guarda-chuva) ou mais notadamente axilares e subterminais com 1 a 5 flores.
As flores abertas são brancas e medem 2 a 3 cm de diâmetro.
Frutos
Fruto sabor exótico, levemente ácido.
Frutos grandes (7-8 cm), em formato de pêra-européia, com grande porcentagem de polpa (macia e muito suculenta).
Sabor doce com leve toque de acidez e pequeníssima adstringência.
Tipos de solo
Quanto aos solos, aprecia os bem drenados e profundos, os quais são classificados como neossolo (areia e quartzo), latossolo (terra vermelha ou amarela) e nitossolo (terra vermelha de alta fertilidade onde a planta pode atingir 4 m de altura). Aprecia solo ácido com pH entre 4,0 a 5,5.
Não tolera umidade nas raízes, principalmente durante o inverno.
Para áreas fora dos Cerrados, recomenda-se o cultivo em vasos, onde fica mais fácil controlar a umidade do substrato.
Clima
Planta de crescimento lento, que resiste bem a geadas de até 4 graus negativos.
Preferem altitudes de 450 a 960 m acima do nível do mar; mas, pode ser cultivada em altitudes ao nível do mar ou pouco mais, tendo o inconveniente de demorar mais para produzir. É resistente a períodos de estiagens longos de até 5 meses sem chuva.
Melhor época para plantio
A melhor época do plantio é no verão a partir do mês de outubro.
Forma de plantio
As covas devem ser abertas com 50 cm nas três dimensões e preparadas com 2 a 3 meses de antecedência ao plantio e misturar aos 20 cm da terra da superfície 2 pás de areia saibro, 4 kg de esterco bem curtido, 150 g de superfosfato simples, 400 g de torta de mamona e 500 gramas de cinzas de madeira.
A irrigação após o plantio é feita com 10 l de água a cada 15 dias se não chover, depois do 1 ano após o plantio não é preciso mais irrigar.
Espaçamento
Plantar num espaçamento de 1,5 m por 3 m em solos arenosos ou de 2,5 por 4 m em solos com boa fertilidade natural.
Cultivo
A capina se faz necessária pois o mato impede o desenvolvimento da planta, principalmente o capim branquearia que produz toxinas no solo e pode causar a morte da planta.
Desbaste
Não é necessário fazer podas em função do pequeno porte.
Adubação
Adubar com composto orgânico, pode ser 1 kg cama de frango bem curtida + 20 gr de N-P-K 101010 dobrando essa quantia a partir do 3ª ano.
Reprodução
As sementes são grandes e devem ser semeadas logo que colhidas e despolpadas.
O melhor substrato é feito com 50% de areia de rio, 25% de casca de pinus peneirada e 25% de matéria orgânica.
Convém usar sacos com 10 cm de largura e 30 cm de altura por causa do sistema radicular profundo e fazer a semeadura direta de 1 ou 2 sementes por embalagem, visto que a plântula é muito sensível ao transplante.
A taxa de germinação é de 60 a 75% e a emergência se inicia com 75 a 110 dias. O crescimento das plantas é lento, e as mudas atingem 10 cm de altura em 17 meses após a germinação.
Origem
Nativa dos campos e Cerrados de praticamente todo o Brasil.
Habitat
Cerrados nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Na natureza existem 2 espécies de Pêra do campo (antes considerada variedade pelo fato de falta de material bibliográfico para uma correta identificação).
A espécie que dá frutos grandes de até 10 cm e notadamente pubescentes (com pelos longos) continua sendo classificada como Eugenia klotzschiana.
Outra variedade nativa e encontrada por Helton Josué Teodoro Muniz, no estado de São Paulo, dá frutos menores de 3 a 6 cm com casca bem amarela e glabra (sem pelos) que estava classificada como Eugenia klotzschiana var. glabrata trata-se na verdade da endêmica Eugenia arenosa.

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