Introdução
Digitalis purpurea ou
dedaleira deve seu nome a forma e a cores das flores. Também conhecida por,
foxglove (luva de raposa), dead man’s thimbles (dedais do morto), albeloura,
digital, digitalina, erva-abiloura, erva-dedal, dedal vermelho, luva da virgem,
campainhas.
É uma planta herbácea bienal
ou bianual, ou seja, demora 24 meses a completar o seu ciclo biológico,
crescendo no primeiro ano e florescendo e dando sementes no segundo. É da família das escrofulariaceas, é uma planta de aspecto felpudo na sua
totalidade, de caule cilíndrico e oco que pode ir dos 1,70 aos 2,50 metros de
altura.
As suas folhas lanceoladas e
basais podem alcançar os 40 centímetros de comprimento, tem um odor desagradável e
um sabor amargo. As suas flores campaniformes assemelham-se a dedais de cores
púrpuras intensas, dispõem-se formando uma haste de flores pendentes, atingindo
até os 5 centímetros de largura, estando em grupo.
Durante o primeiro ano de
crescimento, o seu aspecto é de um plantel em forma de roseta de folhas verdosas, basais, ovais
e dentadas. Durante o segundo ano gera-se a floração, durante a qual um grande
caule coroado por flores emerge de entre as folhas verdosas terrestres.
É uma flor favorita das abelhas, e é inteiramente desenvolvida pelas visitas deste inseto.
Por essa razão, seus picos altos e imponentes de flores estão no seu melhor
naqueles dias ensolarados, quando as abelhas estão mais presentes. O lábio
inferior projetado da corola forma uma plataforma de desembarque para a abelha.
Ela, indo de flor em flor até
o pico, esfrega o pólen e, assim, a flor é fertilizada e as sementes são
capazes de ser produzidas. A vida de cada flor, a partir do momento em que o
botão abre até o tempo que escorrega da sua corola, é de cerca de seis dias.
A flor também é muito visitada
por outros insetos menores, que podem ser vistos refugiando-se do frio e da
umidade em suas flores caídas, porém nenhum animal caminha em cima da planta,
possivelmente reconhecendo seu caráter venenoso. Um número incrível de sementes
é produzido, uma única planta
Proporciona de 1 a 2.000.000 de sementes para assegurar a sua propagação.
Originária do norte da Europa e parte do noroeste de África e Ásia central,
pode ser também encontrada, devido à sua introdução desde o continente europeu
até em países sul-americanos, como Argentina ou Chile.
Esta espécie prospera em solos
ácidos em uma variedade de habitats, incluindo florestas abertas, clareiras da floresta, em charnecas,
penhascos para o mar, terrenos baldios, cercas e encostas rochosas das
montanhas.
É comum em locais perturbados
ou em terreno queimado, precisando de pouco solo. É uma planta fácil de
cultivar, ornamental, de valor medicinal e muito apreciada.
Digitalis purpurea L.
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Lamiales
Família: Plantaginaceae
Gênero: Digitalis
Espécie: D. Purpurea
Nome binomial: Digitalis purpúrea L.
Subespécies e variedades:
D. Purpurea subsp. Purpurea
D. P. Subsp. Purpurea var. Nevadensis
D. P. Subsp. Purpurea var. Toletana
D. P. Subsp. Purpurea var. Tormentosa
D. Purpurea subsp. Amandiana
D. Purpurea subsp. Dubia
D. Purpurea subsp. Mariana
D. Purpurea subsp. Thapsi
Digitalis purpurea L., comumente chamada dedaleira
(da designação alemã "Roter Fingerhut", 'dedal vermelho', dada às
flores desta planta) ou "campainha", pelo formato de suas flores, é
uma erva lenhosa ou semilenhosa da família Scrophulariaceae, nativa da Europa.
É usada como planta ornamental, com inúmeras
variedades hortícolas de flores róseas ou brancas. É excelente para jardineiras
ou vasos. Se impedida de terminar o ciclo através do corte da inflorescência
murcha, a dedaleira retorna a florescer.
Lendas da digitalis purpurea
Durante a idade media e até ao século XVII na Europa, era considerada como um amuleto para
proteção contra maus espíritos e bruxarias e era
habitual colocar alguns ramos no
lintel das portas e janelas das casas, sobretudo na noite do solstício de verão, no São João. Existem numerosas lendas que lhe atribuem diversas propriedades mágicas.
No Reino Unido é conhecida como foxglove (luva de raposa), pois a sua lenda diz que as fadas más as punham nas patas destes animais para que pudessem entrar
nos galinheiros dos campestres sem fazer barulho.
Na Irlanda é conhecida como dead man’s thimble (dedal do morto), pelas suas propriedades
tóxicas.
Na península Ibérica a dedaleira é associada ao mundo das fadas, provavelmente porque
a curiosa forma das suas flores é conhecida como chapéu dos duendes ou das fadas.
Existe
a crença de que
essas criaturas habitam onde cresce a dedaleira e
que dançam no meio delas nas
noites de lua cheia. Na Galícia associa-se principalmente às meigas e à noite de São João, onde
existe a lenda “Onde crescem as dedaleiras crê-se que é onde dançam as meigas nas noites de
lua cheia”.
A tradição popular
diz que trazer um saquinho de veludo vermelho cheio de pó de
dedaleira
não só protegerá dos maus espíritos, como também despertará
o seu atrativo sexual e o tornará mais sedutor.
Toxicologia
Toda a planta é tóxica. Muitos dos seus nomes comuns
pertencem à sua natureza
tóxica (luva das Bruxas, dedais do homem Morto, dedos sangrentos).
Ela contém vários
glicosídeos
cardíacos, digoxina e digitoxina, conhecidos coletivamente como digitálicos. Os glicosídeos cardíacos são produtos químicos que ocorrem naturalmente em certas plantas e podem ser
fatais se ingerido em grandes quantidades.
Eles têm sido utilizados desde 1500 AC., quando
guerreiros adicionavam os extratos da
planta que contêm glicosídeos cardíacos nas suas flechas para
alvos de veneno.
Os sintomas da
intoxicação pela ingestão ou contato
com a digitalis
purpúrea é semelhante à intoxicação pelos digitálicos.
Para sublinhar
o poder mortal que os digitálicos podem exercer, entre
1993 e 1995, quatro homens previamente saudáveis, incluindo
um de vinte e três e outro de vinte e seis anos de idade, morreram
depois de tomar um afrodisíaco
que
deixou quantidades anormalmente
elevadas de digoxina.
Intoxicação
digitálica
Podemos agrupar os sintomas e sinais de intoxicação digitálica
em quatro áreas:
Digestiva, neurológica,
visual e cardíaca
Digestiva:
dor, queimação, sialorreia, náuseas,
vômitos, anorexia, cólicas
abdominais e diarreia.
Neurológica:
cefaleias,
desorientação, delírio,
coma, tremores, convulsões,
entorpecimento dos braços.
Visual:
alteração da
percepção das
cores, halo verde-amarelado à volta
das imagens e das luzes, fotofobia, visão esfumada, visão de corpos escuros, diplopia e
midríase.
Cardíaca: arritmias, bradicardia, hipotensão.
É
clássico dizer-se que todo o tipo de
arritmias pode
ocorrer na intoxicação digitálica. Na intoxicação digitálica
aguda os sintomas e os
sinais eletrocardiográficos podem ser
bastante exuberantes, mas
na intoxicação crônica podem
ocorrer
de forma insidiosa e
mais atenuada.
Uso medicinal
A dedaleira pode ser usada para fins medicinais,
por conter digitalina, um importante medicamento cardíaco, prescrito em alguns
casos de arritmia ou insuficiência cardíaca.
Entretanto, sua utilização medicinal deve ser muito
criteriosa, pois, em doses altas e se administrada a pessoas que não necessitam
de seus efeitos, tem efeitos tóxicos.
O uso em altas doses pode levar a um ataque
cardíaco, a planta pode matar uma pessoa sem deixar rastros da morte quando
usado exageradamente.
Mas o uso também pode ser ornamental, pois, as
inflorescências são imponentes e agradáveis aos olhos, realçando jardins ou
ambientes menos abertos e mais restritos, como vasos de cultura.
As folhas desta planta têm aparência rugosa e
formam pequenas rosetas, sendo que as nervuras na face abaxial das folhas são
notoriamente salientes, protuberantes. As inflorescências são longas e com
muitas flores que em formato lembra um dedal.
De coloração variada, podemos encontrá-las em tons
de lilás ou roxas, brancas ou rosadas, sempre com pigmentos na porção interior.
Para que se desenvolvam bem, com saúde, é
necessário algum cuidado. Primordialmente, a adubação do solo. Matéria orgânica
é imprescindível para gerar húmus e outros componentes que enriquecerão este
solo, tornando-o potencialmente fértil.
O período em que floresce se define por estações:
primavera e verão. As dedaleiras tem preferências por climas amenos e regiões
com alguma altitude.
O cultivo pode ser através de sementes plantadas
diretamente ou por divisão da própria planta adulta (o popular "pega de
galho").
O Foxglove
foi utilizado pelos antigos herbalistas para
várias finalidades na
medicina, a maioria deles totalmente sem referência a essas propriedades valiosas que
a tornam útil como um remédio nas mãos de médicos modernos.
As primeiras descrições conhecidas foram nos meados
do século XVI
por
Fuchs e Tragus em seus herbários. De acordo com um velho manuscrito, os médicos galeses do século XIII
parecem ter feito uso frequente da digitalis na preparação de
medicamentos externos.
Ela foi introduzida na farmacopeia de Londres em 1650, apesar
de não
entrar em uso frequente até um século mais tarde, com o médico Dr.
William Withering, em seu
Acount of Foxglove, 1785.
Gerard
recomendava para aqueles "que
caíram de lugares altos" e Parkinson
falava muito da erva para machucados ou de seu suco expresso
para
inchaços, quando
aplicados externamente
sob
a forma de
uma pomada, e as folhas maceradas
para a limpeza de feridas antigas e úlceras.
Dodoens (1554) prescrevia cozido em vinho como um expectorante, e parece
ter sido seu uso frequente nos casos em que nos dias de hoje considerar-se-ia altamente perigoso.
Para problemas cardíacos a Digitalis purpurea tem sido usada desde sua descoberta, creditada ao
médico William
Withering em
1775. Um de seus pacientes
chegou com
um problema muito grave de coração e já que Withering não tinha nenhum tratamento efetivo para aplicar,
pensou que ele morreria.
O paciente foi até uma cigana, tomou uma preparação contendo diversas ervas e rapidamente recuperou-se. Quando Withering
ficou sabendo do fato, ficou muito empolgado e
procurou pela cigana. Depois de muita conversa, conseguiu que a cigana contasse o segredo de sua formulação.
Após muitos esforços, Withering
chegou ao ingrediente ativo da formulação,
que era
a dedaleira Digitalis purpurea. Withering
tentou diferentes formulações com extrato da digitalis em 163 pacientes e descobriu
que se usasse as folhas secas e moídas, conseguiria resultados mais satisfatórios.
Ele introduziu o uso
oficial da planta em 1785, após a publicação da
obra "An Account of the Foxglove and some
of its Medical Uses", que
continha relatos sobre os ensaios clínicos e notas
sobre os efeitos e a
toxidez da digitalis.
Devido
ao fato
de as dedaleiras apresentarem variação na dose terapêutica de
acordo com a região de coleta e estação do ano, era
muito fácil ultrapassar a dosagem segura.
Logo, Withering recomendava sua diluição e administração em pequenas doses por repetidas
vezes até que
o efeito terapêutico se tornasse evidente.
Esse procedimento era muito eficiente se administrado por pessoas experientes, mas também era muito demorado. Naquela época, Withering
observou que os digitálicos não
atuariam diretamente
no coração, mas, em
consequência
do seu efeito diurético, o órgão-alvo deveria ser o rim.
A atuação dos digitálicos sobre o coração foi sugeria em 1799, por John Ferrier, sendo comprovada apenas em 1910, por Wenckebach.
Na medicina os digitálicos constituem um grupo de fármacos usados no tratamento de doenças do coração, arritmias e insuficiência cardíaca.
A dose terapêutica é muito próxima da dose
tóxica. Os digitálicos inibem a bomba de sódio (ou Na+/K+
atpase), que existe
nas membranas das células, nomeadamente nos miócitos cardíacos.
Apesar dessa proteína existir em
todas as células,
nas concentrações usadas terapeuticamente,
só as células musculares e os neurônios são afetados significativamente.
A maior
quantidade de íon sódio intracelular e
menor concentração de íon potássio, alteram a excitabilidade de neurônios no cérebro e dos
miócitos do coração.
Os efeitos são prolongamento ligeiro do potencial de ação e plateau,
redução do ritmo cardíaco, devido à ativação dos núcleos do sistema parassimpático do nervo vago no cérebro e força de contração ventricular aumentada.
Os digitálicos também alteram a excitabilidade de vários núcleos neuronais e do sistema nervoso intestinal, a que se
deve os seus efeitos
secundários:
Náuseas,
Vômitos,
Diarreia,
Confusão mental,
Alterações
visuais e alucinações.
Doses elevadas de digitálicos causam também arritmias por fibrilação ventricular. Os digitálicos mais conhecidos são a digoxina, a digitoxina, a ouabaína e a metildigoxina.
Digitalis é um excelente
antídoto para o envenenamento com o acônito, dada
como uma injeção hipodérmica.
O cultivo da digitalis purpurea
A fim de
proporcionar uma droga de
atividade
uniforme de um verdadeiro
tipo de Digitalis purpurea,
é necessário
ter as verdadeiras sementes
medicinais para abastecer o mercado de drogas. As culturas devem ser
obtidas a partir
de sementes selvagens cuidadosamente selecionadas e todas suas variações, inutilizadas.
A
planta irá prosperar melhor
em
solo solto e bem drenado, preferencialmente de origem siliciosa e com uma leve sombra. Atualmente só as folhas são usadas para
a extração da droga, embora anteriormente as sementes também fossem utilizadas.
A planta e os sintomas homeopáticos sob uma
nova releitura
O paciente
apresentará os mesmos sinais e sintomas cardíacos, neurológicos, digestivos e visuais, como se tivesse
sob o efeito da toxina
da planta.
São
eles:
Cardíacos ICC,
com taquicardia, bradicardia, hipotensão, desmaios,
fadiga e choque cardiogênico.
Neurológico Cefaleias, desorientação, delírio,
coma, tremores, convulsões,
entorpecimento
dos braços.
Digestivo Dor, queimação, sialorreia,
náuseas, vômitos, anorexia, cólicas
abdominais, diarreias.
Visão Alteração da percepção das cores,
halo
verde-amarelado
em volta das imagens e das
luzes,
fotofobia, visão esfumaçada,
visão de corpos escuros,
diplopia e midríase.
Outros sintomas
apresentados pelo paciente são semelhantes ao gestual da planta, ou seja, como ela se
apresenta em relação
ao meio em que vive.
Alguns exemplos
Cefaleia com sensação
de
peso. Suas flores formam cachos na parte superior da planta, que é
de cor púrpura, assemelhando-se a uma cabeça congesta,
pendente com o peso, o que lembra uma
pessoa
com
cefaleia
e com
uma
postura encurvada.
Cabeça pende para trás.
O cacho de flores
da Digitalis purpurea se localiza na parte
superior da planta e pendendo para um dos lados.
O
paciente digitalis também
tem
uma
cabeça que pende para trás como
se a musculatura fosse incapaz de segurar a cabeça,
assemelhando-se ao
caule da planta. Esse tem característica delgada e longa,
sendo incapaz de segurar o peso do
cacho de flores.
Assobio
nos ouvidos. As flores
da digitalis
tem um formato que lembra o canal auditivo e também
uma campânula. O paciente digitalis tem assobio nos ouvidos.
Fraqueza no braço. Fraqueza geral, como
se todas as partes do
corpo estivessem exaustas.
O caule da planta tem uma estrutura delgada, frágil, comprida, podendo
chegar
a 2,5 metros e é oco por
dentro.
Tendo que
sustentar o peso dos cachos
de flores, se encurva. É como
se a planta se fatigasse fácil pela
estrutura delgada do caule. Essa fraqueza
também é justificada pela toxina da planta.
Sintomas cardíacos. Toda a planta lembra o aparelho
circulatório: suas folhas
são bastante vascularizadas e a estrutura interior das flores visto
em um corte longitudinal assemelha-se às
câmeras
cardíacas.
Tais fatores e a própria ação
da
toxina demonstram
o porquê de tantos sintomas
cardíacos nos pacientes
digitálicos.
Desperta como
se caísse de uma
altura. À
noite desperta frequentemente num susto,
como se caísse de uma altura dentro
d’agua. Os cachos de flores
localizam-se na parte superior da planta,
as flores são voltadas para baixo, o
caule fino é bastante alto.
A
impressão que se tem é que as flores estão olhando o tempo todo para baixo
como se estivessem com
medo
e fossem cair a qualquer momento
daquela altura.
Além da própria altura da planta, ela também
cresce em
encostas de penhascos
próximos
a rios,
lagos e mares,
justificando o medo de cair de uma altura dentro
d’água.
Escoriações,
boca, esôfago,
estômago. As flores da digitális têm
um formato que lembra o tubo digestivo
e são
marcadas por
manchas escuras
e brancas
como se fossem úlceras ou
aftas.
O
paciente apresenta escoriações
na boca, esôfago e estômago.
O contato da toxina
com a mucosa também leva a escoriações.
Corpos
escuros
pairam diante de seus
olhos como moscas. Sensação
de poeira nos
olhos. As sementes da digitális são muito
pequenas e estouram e se
dissipam como poeira.
O paciente homeopático tem
sensação de poeira nos
olhos. As manchas escuras nas
flores também lembram
objetos
escuros, ou moscas.
Ansiedade como se tivesse feito algo ruim. A digitális
é uma planta que atrai pela beleza.
As abelhas adoram-na apesar
de ser uma planta
tóxica, repelindo
outros animais pelo seu odor
desagradável.
É
daí que se origina
o sentimento de culpa no paciente, que acredita ter feito
algo
ruim. Seria como uma dor
na consciência, eu
atraio, porém
cuidado comigo, eu curo,
mas mato.
Medo da
morte. As flores da digitalis
perecem rapidamente quando
retiradas
da planta. A presença da toxina também
justifica esse sintoma.
Humor rabugento, repulsivo e melancólico. Todo o gestual da planta é de quem
prefere estar isolado.
As folhas lanceoladas,
a toxina presente na planta e o odor
desagradável demonstram essa vontade
de isolamento.
Seu
caule oco demonstra
a incapacidade de oferecer afeto, pois
é vazio por dentro. Apesar disso,
a planta é bela e
tem pelos em toda sua extensão para aumentar a área de contato
com o meio (procurando afeto), mas
por ser incapaz de oferecer algo, gera-se um descompasso,
resultando em um humor
repulsivo e melancólico.
A cor de suas
flores é púrpura
evocando, também, a melancolia.
Polaridades da digitalis purpurea
A polaridade dos sintomas lembra-nos que não devemos fixar apenas nos sintomas mais característicos da matéria médica. Portanto o paciente digitalis também poderá apresentar-se em
polaridade
menos frequente e
característica da planta.
Interconexões
entre os sintomas
homeopáticos e
a substância
Sintoma homeopático
da digitalis purpúrea
O
paciente apresenta desmaios, com bradicardia,
suores frios e aspecto de morto. A toxina da digitalis tem uma ação
cardiovascular importante, causa bradicardia com diminuição
da oxigenação
do sistema nervoso central e periférico, provocando
desmaios, sudorese e aspecto
de morto.
O
paciente tem medo de morrer e sufocar-se a noite.
A toxina tem ação rápida e provoca sintomas pulmonares
pela congestão, como
tosse e sufocação.
O
paciente tem um humor
rabugento, repulsivo
e melancólico.
A toxina repele os animais.
Além disso,
a planta tem um caule oco. Aquele
que é vazio por dentro
não tem nada a oferecer,
ou seja, existe uma
dificuldade de oferecer afeto.
Ansiedade com sentimento
de culpa
A
toxina da planta é capaz de matar ou curar,
daí o sentimento de culpa.
Descompasso - solidão
O
descompasso e a solidão resumem a essência desse medicamento homeopático. Essas
características são observadas desde o gestual da planta, até os seus sintomas
físicos e mentais no paciente digitálico.
Fazendo
uma análise do ponto de vista mais profundo e emocional, observamos o
descompasso dessa planta nos seguintes aspectos.
No seu
crescimento, em um ano ela cresce e apenas no segundo floresce. No aspecto físico,
é felpuda em sua totalidade e os pelos demonstram a necessidade de um maior
contato com o meio em que vive, ou seja, a planta busca afeto.
Além
disso, seu caule é oco por dentro, demonstrando que ela não tem nada a
oferecer. Ela tem uma beleza que chama atenção e atrai as abelhas, mas, ao
mesmo tempo, tem uma postura agressiva.
Tal
postura é observada no formato denteado e lanceolado das suas folhas, no odor desagradável
e na presença da toxina, deixando claro que ela prefere ficar sozinha,
reflexiva, melancólica, triste e com sentimento de culpa por querer algo que
não pode oferecer.
A
própria cor purpúrea das suas flores e o aspecto das mesmas, que são voltadas
para baixo, também evoca reflexão, melancolia e tristeza.
No
paciente, tal descompasso também é observado. Ele busca afeto, porém é incapaz
de oferecê-lo, prefere viver na solidão e na melancolia, com o seu humor
rabugento e repulsivo.
Outro
descompasso é a bradicardia e a taquicardia que os pacientes digitálicos podem
apresentar, lembrando a ação da toxina no organismo.
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