Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Subclasse: Arecidae
Superordem: Arecanae
Ordem: Arecales
Família: Arecaceae
Subfamília: Arecoidae
Género: Euterpe
Espécie: E.
edulis
Nome binomial Euterpe
edulis
Prática em crescente desenvolvimento é a do processamento da
poupa de juçara de modo a produzir alimento semelhante ao açaí, oriundo do
Norte do Brasil
A juçara ou içara (Euterpe edulis), também chamada jiçara,
palmito-juçara, palmito-doce, palmiteiro e ripeira, é uma palmeira nativa da
Mata Atlântica, no Brasil, que dá o palmito do tipo juçara. Está ameaçada de
extinção.
"Juçara", "içara" e "jiçara"
são derivados do seu nome em tupi: yu'sara. "Palmito-doce" e
"palmiteiro" são alusões a seu uso para extração de palmito.
"Ripeira" é uma alusão ao uso de sua madeira na confecção de ripas.
Raízes
O sistema radicular do palmito-juçara é do tipo fasciculado,
com 58 por cento das raízes desenvolvidas nos primeiros vinte centímetros de
profundidade.
Nessa camada de maior fertilidade do solo, encontram-se as
raízes mais finas, com geotropismo negativo, responsáveis pela absorção de água
e nutrientes.
Os outros 42 por cento distribuem-se nas demais camadas,
sendo que, abaixo de um metro de profundidade, é encontrado apenas dois por
cento, em peso, do total de raízes.
Trata-se, em sua maioria, de raízes primárias, grossas, de
geotropismo positivo e com poucas ramificações, responsáveis pela sustentação
da palmeira.
O estipe, estipa ou espique (caule) é reto, cilíndrico,
solitário, de cor gris claro, podendo alcançar até dezoito metros de altura e
um diâmetro de quinze centímetros na idade adulta.
Entre o término do tronco e a parte onde nascem as folhas,
há uma bainha verde tubular de 1,5 metros de comprimento, mais grossa que o
tronco, formada pela base do conjunto de folhas e chamada capitel. Dentro dela,
encontra-se o palmito, que possui elevada importância na alimentação humana.
As folhas são alternas, pinadas e em número de oito a
quinze, compostas de 38 a 62 pares de folíolos, em geral dispostas em um único
plano, raramente divergente, estando regularmente subpostas na raque e
agrupadas em feixes, lanceoladas, caracteristicamente pêndulas.
A inflorescência em forma de panícula é composta por uma
raque central da qual parte com ramificações de primeira ordem chamadas de
ráquilas, as quais sustentam as flores.
Nelas estão dispostas flores unissexuadas, onde se encontra
uma flor feminina no meio de duas flores masculinas, em geral para os primeiros
¾ da ráquila, sendo que o ¼ da extremidade final só apresenta flores masculinas
apresentando protandria acentuada, em que a abertura de flores femininas ocorre
em torno de sete dias após o final da floração masculina; pode-se também
encontrar inflorescências que apresentem apenas flores masculinas.
O fruto é do tipo bacáceo, de um a 1,4 centímetros de
diâmetro, composto por um mesocarpo pouco espesso, liso, cor violeta-escuro
quando bem maduro, com aproximadamente dez por cento da massa fresca da baga de
polpa.
A semente é quase esférica, parda-grisácea a
parda-amarelada, envolta por uma cobertura fibrosa, com até dez milímetros de
diâmetro.
As sementes dessa espécie possuem endosperma muito
abundante, com alto teor de reservas, as quais se constituem de carboidratos
(88 por cento), proteínas (dez por cento) e lipídeos (dois por cento).
Apresentava elevado potencial de manejo devido a sua ampla
distribuição geográfica, alta densidade de indivíduos na área de ocorrência,
posicionamento no estrato médio da floresta e forte interação com a fauna. No
entanto, a exploração descontrolada levou a espécie ao perigo de extinção.
Caracteriza-se por produzir palmito de excelente qualidade,
com valor econômico elevado e amplamente consumido na alimentação humana, no
entanto é monocaule e o corte implica a sua morte.
Com a morte da palmeira, seus múltiplos produtos são
disponibilizados: fibras para fabricação de vassouras, caibros e ripas para
construções civis, folhas para cobertura temporária e forrageio.
Recentemente, o processamento de seu fruto, o uso em projetos
de paisagismo e o reconhecimento das propriedades terapêuticas de suas raízes
vêm sendo difundidos, sendo fundamental, entretanto, que se tenha um manejo
adequado para a espécie.
Atualmente, uma alternativa altamente viável e em crescente
estudo e prática é o processamento da polpa dos frutos da palmeira juçara,
obtendo uma composição de bebida conhecida como açaí de juçara, muito
semelhante em termos de textura, cor, sabor e composições nutricionais (salvo
alguns compostos) ao açaí da espécie de palmeira Euterpe oleraceae, nativa da
Região Amazônica.
Os frutos maduros, de cor arroxeada-escura, quando colhidos,
selecionados, higienizados e postos de banho em água morna, são processados
artesanalmente em peneiras ou batidos em máquina despolpadeira adequada.
O manejo da Euterpe edulis através da utilização dos seus
frutos no lugar da exploração do palmito mantém as árvores vivas e difundindo
sementes e mudas da espécie ainda por vários anos, cumprindo seu papel na
floresta e mantendo este recurso genético e natural tão valioso.
No corte ilegal de palmito, plantas adultas e jovens são
cortadas sem cuidado e vendidas por valores irrisórios em relação aos custos
ambientais que esta ação gera.
A utilização dos frutos pode, além de uma ótima forma de
manter e dispersar a espécie, tornar-se ótima rede de empregos, cooperativas,
renda e qualidade de vida para produtores rurais.
No interior da floresta ombrófila densa da Mata Atlântica,
nos estados brasileiros de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais,
Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe,
Santa Catarina e São Paulo. Tem distribuição preferencial ao longo do litoral
brasileiro, desde o sul da Bahia (15ºS) até o norte do Rio Grande do Sul
(30°S). Ocorre também na Argentina e no Paraguai.
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