Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Arecales
Família: Arecaceae
Género: Elaeis
Nome binomial Elaeis
guineensis Jacq
O dendezeiro (Elaeis guineensis), também conhecido como
coqueiro-de-dendê, dendê, palmeira-de-óleo-africana, aabora, aavora,
palma-de-guiné, palma, dendém (em Angola) e palmeira-dendém, é uma palmeira
originária da Costa Ocidental da África (Golfo da Guiné). Seu fruto é conhecido
como dendê, e seu óleo como azeite de dendê ou óleo de palma.
"Dendê" é oriundo do termo quimbundo ndénde, que
significa "palmeira".
O dendezeiro é encontrado em povoamentos subespontâneos
desde o Senegal até Angola. Foi levado ao Brasil no século XVII, e adaptou-se
bem ao clima tropical úmido do litoral baiano.
Dele, extrai-se o azeite de dendê.
A palmeira chega a 15 metros de altura. Seus frutos são de
cor alaranjada, e a semente ocupa totalmente o fruto. Seu rendimento é muito
grande: produz 10 vezes mais óleo que a soja, 4 vezes mais que o amendoim e 2
vezes mais que o coco.
Da amêndoa do fruto, se extrai, também, um óleo usado em
cosmética e na fabricação de chocolate.
Fruto do dendezeiro
A região Sudeste da Bahia possui uma diversidade
edafoclimática excepcional para o cultivo do dendezeiro, com uma disponibilidade
de área da ordem de 752 625 hectares.
Aliada à existência no país de uma demanda insatisfeita da
ordem de 500 000 toneladas de óleo de dendê; de importações que se situam entre
100 e 150 mil toneladas, além do aspecto ambiental-ecológico possibilitando a
recomposição de espaço florestal em processo adiantado de degradação por
"florestas de cultivo"; econômico-social, proporciona aumento da
renda regional e criação de novos empregos.
Funciona como vetor de sustentação da própria cacauicultura
e finalmente estratégico, buscando através da agricultura integrada, o caminho
de desenvolvimento harmonizando os recursos da terra com os valores humanos.
Plantio
Clima
Os fatores climáticos de maior importância para o cultivo do
dendezeiro são: chuva, horas de brilho solar e temperaturas máxima e mínima.
Pluviosidade
Uma adequada disponibilidade de água no solo de forma
constante é condição extremamente importante para o desenvolvimento e produção.
O regime pluviométrico ideal caracteriza-se por uma
precipitação média anual de 1 800 a 2 000 mm, com precipitações mensais sempre
superiores a 100 mm, segurando boa distribuição ao longo do ano.
Luminosidade
Altos níveis de radiação solar são indispensáveis para o
crescimento e produção. A isolação necessária para a expressão do potencial
produtivo do dendezeiro, situa-se em torno de 1 800 horas/ano.
Temperatura
Fator importante na determinação do crescimento e produção,
sendo observado que as maiores produções são obtidas em regiões com pequenas
variações de temperatura e onde a média anual situa-se entre 25 e 27°C e sem
ocorrência de temperaturas mínimas abaixo de 19°C por períodos prolongados.
Solo
Embora seja cultivado em diferentes tipos de solos,
variações nas propriedades físicas e químicas causam diferentes significativas
na produção.
Os parâmetros mais importantes são profundidade efetiva de
90 cm, textura franca ou mais argilosa, estrutura forte ou moderada,
permeabilidade moderada, relevo plano ou suave ondulado, não pedregoso, sem
concreções de ferro, alumínio ou manganês e sem camada adensada, consistência
muito friável ou firme e regime de umidade alto.
Variedades
As variedades são classificadas de acordo com a espessura da
casa (endocarpo) em:
Dura - Apresenta casca com mais de 2 mm de espessura e
fibras dispersas na polpa. Essa variedade é usada como planta feminina na
produção de híbridos comerciais.
Psífera - Os frutos dessa variedade não possuem casca
separando a polpa da amêndoa. Ela é usada como fornecedora de pólen na produção
de híbridos comerciais.
Tenera - Apresenta espessura de casca inferior a 2 mm e um
anel fibroso ao seu redor; é obtida através do cruzamento entre as variedades
Duras e Psífera, sendo recomendada para plantios comerciais.
Formação de mudas
O sucesso de um plantio comercial de dendezeiros comercias
depende do material genético utilizado e do processo de formação de mudas, que
compreende as seguintes etapas:
Pré-viveiro - tem início com a repicagem da semente
pré-germinada para sacos semelhantes aos utilizados para mudas de cacau e tem
normalmente a duração de quatro meses, obtendo-se ao final uma muda com quatro
folhas lanceoladas.
Viveiro feito - a céu aberto, localizado preferencialmente
próximo a uma fonte abundante de água a fim de facilitar a irrigação. Os sacos
plásticos utilizados no viveiro medem 40x40 centímetros com 0,002 milímetros de
espessura, com capacidade para 20 a 25 kg de solode textura leve,
areno-argiloso, ou denominado de solo "podzol" pois isso facilita a
formação das raízes da plântula.
O período de permanência no viveiro varia de 8 a dez meses e
as mudas a serem levadas a campo apresentam uma altura de 80 a 120 cm e com 8 a
12 folhas funcionais.
Tratos culturais no viveiro
Durante o período de formação das mudas são importantes
ainda os tratos culturais: irrigação, adubação, eliminação de ervas daninhas e
controles de pragas e doenças.
Plantio definitivo
Escolhas da área
A área para o plantio de dendê deve ser plana ou suave
ondulada, com declividade inferior a 8%, que não apresente dificuldade para o
uso de máquinas agrícolas.
Preparo da área
Em função das características da vegetação (mata virgem,
mata raleada, área degradada, plantação velha de dendê ou cultivo anual), da
disponibilidade de equipamentos e de sistema de exploração, o preparo da área
pode ser manual (broca, derruba, queima, abertura de linhas e pontos de
plantio), mecanizado (derruba, queima e enleiramento, ou misto).
Plantio de leguminosa
Com o objetivo de proteger o solo, controlar ervas daninhas
e fixar o nitrogênio, recomenda-se o plantio de uma cobertura verde que se
estabeleça rapidamente, tenha pouca altura, não afete o sistema radicular do
dendezeiro, ciclo vegetativo curto e baixo custo de implantação; neste caso a
mais recomendável é o kudzú Pueraria phaseoloides.
Espaçamento, coveamento e plantio
Tradicionalmente o dendezeiro é implantado no espaçamento de
9x9x9m em triângulo equilátero o que implica num espaçamento de 7,8m entre
linhas e de 9m entre plantas na linha que deve estar orientada no sentido
norte-sul para evitar sombreamento entre plantas; desta forma é possível
colocar 143 plantas por hectare.
Abertura de covas
Deve ser feita manual e mecanicamente, nas dimensões de
40x40x40cm, separando-se a camada superficial do solo rica em matéria orgânica,
para colocar no fundo quando do enchimento da cova.
Plantio de mudas
Deve ser feito em período chuvoso. O coleto (região entre a
parte aérea e as raízes), deve ficar ao nível do solo; após o plantio é
importante comprimir a terra em volta da planta.
Tratos culturais no campo
Coroamento - Consiste em eliminar as plantas daninhas que
crescem em volta do dendezeiro, mantendo limpa a área ao seu redor, evitando
competição e proporcionando condições favoráveis ao desenvolvimento.
Roçagem
Nos primeiros anos, é necessário eliminar, periodicamente, a
vegetação existente nas estrelinhas, visando facilitar o estabelecimento de
leguminosas.
Adubação
A obtenção de altos rendimentos só é possível com a
utilização racional de fertilizante, já que o dendezeiro requer cerca de 192,5
kg de nitrogênio, 26 kg de fósforo, 251,4 de potássio, 61,3 de magnésio e 99,3
de cálcio por ha/ano para o crescimento e produção de 25 toneladas de cachos
por hectare/ano. Os métodos usados como guia para recomendação de adubação
baseiam-se em:
Análise de solo - dá uma ideia da disponibilidade de
nutrientes no solo;
Análise foliar - indica o estado nutricional da planta
naquele momento e estabelecem níveis críticos para cada nutriente;
Experiências de adubação - através das quais é possível
determinar as necessidades exatas para um determinado tipo de solo e sob quais
as condições ambientais adequadas.
Controle de pragas - A principal praga do dendezeiro de
importância econômica na Bahia é o Rhynchophorus palmarum, cujas larvas
alimentam-se dos tecidos do estipe, fazendo galerias que podem provocar uma
podridão interna; quando atinge o meristema provoca a morte da planta.
Controle de doenças - O anel vermelho, causado pela
nematoide Rhadinaphelencus cocophilus, é a única doença de importância
econômica para o dendezeiro, no estado da Bahia; o inseto transmissor do
nematoide é o Rhychoprus palmarum, que conduz o nematoide no intestino,
traqueia e nas cavidades do corpo.
Colheita
A colheita é um trabalho muito importante, porque é nesta
etapa que se obtêm os resultados de todos os esforços e investimentos com o
cultivo. Na execução no trabalho de colheita, devem ser observadas duas etapas
importantes:
Grau de maturação dos frutos - este fator está diretamente
relacionado com o conteúdo de óleo na polpa e com a qualidade do óleo obtido.
O critério mais simples para se identificar o estágio ideal
de maturação dos cachos são os frutos soltos que normalmente se encontram no pé
da planta, quando o cacho está maduro recomendando-se que esse número não seja
superior a 10 frutos;
Frequência de colheita - a maturação dos cachos ocorre ao
longo de todo o ano: por isso, é necessário que os intervalos de colheita sejam
curtos de forma que um cacho que deixou de ser colhido em um ciclo não esteja
excessivamente maduro no seguinte, comprometendo a qualidade do óleo a ser
obtido.
Produção
Um plantio corretamente conduzido inicia a produção ao final
do terceiro ano, com uma produção entre 6 e 8 toneladas de cachos/ha, atingindo
o pico máximo de produção no oitavo ano. Pode atingir 25 toneladas de
cachos/ha, uma produção que permanece neste nível até o décimo sétimo ano,
declinando ligeiramente até o final da sua vida útil produtiva, que ocorre por
volta dos vinte e cinco anos.
Dos frutos do dendezeiro, podem ser extraídos dois tipos de
óleos: "óleo de polpa", conhecido no Brasil como azeite de dendê, e
"óleo de palmiste". O rendimento em óleo representa 22% do peso dos
cachos para o óleo de polpa e 3% para o óleo de palmiste.
Frutos
Os frutos, nozes pequenas e duras, possuem polpa (mesocarpo)
fibroso que envolve o endocarpo pétreo, nascem negros e quando estão maduros
alcançam cor que varia do amarelo forte ao vermelho rosado passando por
matrizes de cor alaranjada e ferrugem.
Ovóides (angulosos e alongados) nascem em cachos onde, por
abundância, acabam se comprimindo e se deformando. A polpa produz o óleo de
dendê (óleo de palma, palm oil ou Palmenol), de cor amarela ou avermelhada (por
presença de carotenóides), de sabor adocicado e cheiro sui generis.
Os cachos de frutos maduros são colhidos em intervalos de 7
a 10 dias ao longo da vida econômica da palma. Pela ordem, a maximização da
taxa de extração de óleo assegura que a qualidade do padrão de colheita seja
aplicado.
Estes incluem, além da atenção cuidadosa em relação à
maturidade dos frutos, a implementação de colheitas circulares e a colheita dos
frutos com a mínima contusão.
Os frutos de dendê produzem dois tipos de óleos, extraídos
por processos físicos como a pressão e calor, sem qualquer uso de solventes
químicos:
Óleo de dendê: é conhecido como óleo de palma no mercado
internacional, sendo extraído da parte externa do fruto. Este óleo representa
em média 22-24% do peso dos cachos.
Produções de até 8 toneladas de óleo/ha/ano são atualmente
obtidas em condições excelentes de clima e solos. Nas condições da Amazônia
Brasileira, produções de 4 a 5 toneladas de óleo/ha/ano, são frequentemente
obtidas.
Óleo de palmiste: similar ao óleo de copra/coco ou de
babaçu. É normalmente utilizado na indústria de cosméticos e sabões finos. A
produção anual deste óleo é de 0,4 a 0,6 toneladas por hectare de plantio de
dendê.
A semente ocupa totalmente a cavidade do fruto e contém o
óleo de palmiste (palm kernel oil) que é esbranquiçado e quase sem cheiro e
sabor.
Os ácidos graxos do óleo de palma e seus componentes
secundários são inigualáveis em propriedades nutricionais. Os mais importantes
destes são a vitamina E da palma (tocoferol e tocotrienóides) e o carotenoide (alfa
e betacaroteno).
A vitamina E da palma age como um antioxidante biológico que
protege contra a oxidação e o processo de arteriosclerose.
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