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sábado, 24 de dezembro de 2016

As Frutas da Terra de Israel

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Há muitos anos, na Terra de Israel, viveu um homem chamado Reb Nisim. Ele e a família moravam numa pequena casa de pedra, bastante parecida com as outras casas em sua aldeia, com uma exceção. Perto de sua casa crescera a mais bela árvore, que produzia uma abundância de suculentas romãs. As pessoas vinham de longe para adquirir estas frutas "Nisim" especiais. Na verdade, a procura era tanta que a família conseguia viver o ano inteiro com os lucros que obtinham da venda dessas romãs.

Todo verão, a árvore ficava pesada com os lindos frutos vermelhos. Porém, certo verão, não se podia ver nenhuma romã. Reb Nisim chamou seu filho mais velho e lhe disse: "Suba na árvore. Talvez lá em cima haja alguns frutos que não podemos ver daqui."

O rapaz subiu até o topo, e de fato, ocultas da vista estavam três frutos preciosos – os mais belos que já se havia visto.

Quando veio o Shabat, Reb Nisim colocou duas das romãs sobre a mesa como um petisco especial de Shabat. A terceira, ele reservou para comer no feriado de Tu B'Shevat, o Ano Novo das Árvores.

Aquele foi um ano difícil para a família, pois sempre tinham dependido da árvore para seu sustento. Finalmente, a esposa de Reb Nisim sugeriu que ele viajasse para fora da Terra Santa para ganhar ou arrumar algum dinheiro. Ele estava relutante em partir. Tinha passado a vida inteira cercado pela santidade da Terra de Israel, e não queria "envergonhar" a terra admitindo que não conseguia ganhar seu sustento ali. Tentou de várias maneiras ganhar algum dinheiro, mas todos seus esforços foram baldados, e parecia que ele não teria outra opção a não ser seguir a sugestão da esposa.

"Tudo bem" – disse ele – "eu irei, mas nunca revelarei a quem quer que seja que eu vim da Terra Santa."

Durante muitos meses, viajou de cidade em cidade, mas cada lugar tinha seus próprios pobres para ajudar, e ele não teve sorte. Como é uma grande mitsvá (mandamento) sustentar os pobres da Terra de Israel, ele teria recebido esmolas caso se identificasse, mas recusou-se a fazê-lo.
Era Tu B'Shevat quando Reb Nisim chegou à cidade de Koshta, na Turquia. Quando foi até a sinagoga local, seus olhos se depararam com uma visão chocante. Todos os judeus da cidade estavam reunidos ali, chorando, lamentando-se e recitando Salmos. "O que aconteceu?" perguntou Reb Nisim, alarmado.

O zelador da sinagoga explicou: "O filho do sultão está muito doente. Ele sabe que os judeus são médicos exímios, e decretou que todos os judeus serão expulsos do reino, a menos que possamos apresentar um médico ou uma cura para seu filho. Até agora, falhamos."
Enquanto Reb Nisim absorvia estas notícias terríveis, o assistente do rabino pediu a Reb Nisim que o acompanhasse até o rabino, dizendo: "Nosso Rabi diz que está muito contente por ter um visitante vindo da Terra Santa."

Reb Nisim fez como lhe fora pedido, mas estava perplexo. Como o rabino sabia? Tinha sido tão cuidadoso em não revelar a ninguém a sua origem.

Decidiu perguntar diretamente ao Rabino.

"Há uma fragrância especial em você. Sinto que é a santidade da terra que adere a você" – replicou o Rabino.

"O odor que está sentindo provavelmente é da romã que trouxe comigo" – explicou Reb Nisim. "Eu a trouxe para Tu B'Shevat, e como é hoje, peço-lhe que aceite partilhar a fruta comigo."

O Rabino ficou extasiado. "Por favor, diga-me seu nome" – pediu.

"Meu nome é Reb Nisim." Ouvindo isso, o Rabino sorriu alegremente. "Isso com certeza é um sinal da Divina Providência. Em honra a Tu B'Shevat, tenho estudado os diferentes tipos de frutas descritas nos livros sagrados." O Rabino relatou o que havia aprendido. Disse então: "O acrônimo da palavra rimonim (romãs) é 'refua melech u'bno nisim yaviya meheira.' – a recuperação para o rei e seu filho, Nisim trará rapidamente. Vamos levar um pouco do sumo de sua romã imediatamente ao filho do rei. Talvez, pelo mérito das frutas da Terra Santa, D’us nos conceda o sucesso."

Os dois homens foram admitidos no quarto do príncipe doente, que estava à beira da morte.
Aproximaram-se do leito e administraram algumas gotas do sumo da romã na boca do rapaz inconsciente. De súbito, um pouco de cor subiu ao seu rosto pálido. Deram-lhe mais algumas gotas, e houve um fraco mas perceptível tremular de pálpebras.

O sultão segurou a mão do filho querido, e lágrimas de alegria velaram seus olhos. Voltou-se aos dois judeus e disse: "Jamais esquecerei o que fizeram pelo meu filho."

No dia seguinte, Reb Nisim e o Rabino foram chamados ao palácio. O príncipe estava sentado na cama, um sorriso feliz no rosto cansado. Os servos do sultão trouxeram grandes bolsas de veludo, repletas de moedas de ouro e jóias. "Reb Nisim, isso é apenas um pequeno sinal de minha gratidão por ter salvado meu filho. Quanto aos judeus em meu reino, ele podem permanecer e viver em paz."

Reb Nisim voltou para casa carregado de riquezas. No verão seguinte, a prodigiosa romãzeira produziu a mesma quantidade de belos frutos de sempre. Sua fama espalhava-se, à medida que a história do príncipe era contada e recontada em toda a Terra Santa.

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