Planta muito utilizada na medicina popular,
usada no combate da artrite e também com propriedades laxantes e depurativas.
Descrição: Planta da família das
Phytolaccaceae, também conhecida como caruru-de-cachos, caruru-açi,
erva-dos-cachos, erva-de-laca, espinafre-macio, uva do Canadá,
tintureira-vulgar, fitolaca americana, uva-turca, vinagreira, tinturer,
uva-dos-passarinhos.
A fitolaca é um arbusto perene vigoroso que
pode crescer até 4m de altura, possui um caule ereto e avermelhado, com folhas
grandes que se afinam nas extremidades; suas flores são brancas e numerosas, e
estão formadas em cachos, cada uma com 5 pétalas arredondadas, e se desenvolvem
em cachos de bagas suculentas e negras.
Seus frutos amadurecem no outono.
Habitat: Nativa do leste da América do Norte e
naturalizada extensamente na Europa, Índias Ocidentais e Ásia. Cresce
espontaneamente em todo o Brasil, a fitolaca é uma planta comum encontrada em
áreas abertas, campos, ao longo de cercas e florestas limitadas.
História: As folhas e raízes da fitolaca são
largamente usadas na medicina popular; as folhas pequenas e novas da fitolaca
são enlatadas e vendidas comercialmente sob o nome de "poke salet."
O suco das bagas têm sido usado como tinta,
pigmento, e como um agente de coloração para vinhos.
Indicação: Artrite e reumatismo crônicos,
obesidade, alimento, edema, câncer de pele, dismenorreia, sífilis;
dermatofitose, sarna e seios doloridos antes da menstruação.
Uso na gestação e na lactação: Gestantes devem
evitar o consumo. A fitolaca possui uma ação estimulante ao útero e componentes
tóxicos. Esta erva é também conhecida por afetar o ciclo menstrual.
Princípios ativos:
Saponinas triterpenicas: geninas -
fitolacagenina, ácido jaligonico, ácido fitolacagenico, ácido fitolacinico,
ácido esculentico; fitolacosideos A, B, D, E, e G, e fitolacasaponinas B, E, e
G;
Triterpenos livres: Proteínas antivirais da
fitolaca (PAP - pokeweed antiviral proteins).
Raiz: Esteróis: a-espinasterol; Proteínas
mitogênicas. Sementes: Lignanas: americaninas A, B, e D, ame-ricanol A,
isoamericanol A; Ésteres; Éteres metilicos; Peptidio antifungal com 4 kD,
PAFP-s; Proteínas antivirais da fitolaca (PAP - pokeweed antiviral proteins).
Frutas: Proteínas; Enzimas proteases de
cisteina: fitolacainas G e R; As lectinas C, D1, e D2 ligam-se a quitina.
Propriedades Medicinais: depurativa,
antiobesidade, anti-inflamatória, antirreumática. antiemética, purgativa,
antiedematosa, anticancerígena. Parasitas e outras condições da pele,
emenagoga.
Efeitos colaterais: Distúrbio gastrointestinal,
possivelmente gerando uma toxicidade severa, pode ocorrer com a ingestão das
folhas maduras, frutas não cozidas e raízes.
Posologia: Em doses de 1 g, a raiz seca da
fitolaca possui ação emética e purgativa: Em doses menores, de 60 a 100 mg dia,
a raiz e as bagas foram usadas no tratamento do reumatismo e para a estimulação
do sistema imunológico. Entretanto, não há nenhum ensaio clinico que suporte estes
usos ou doses.
Toxicologia:
Todas as partes da fitolaca são tóxicas, sendo
as folhas novas que aparecem no início da primavera à única exceção; as maiores
concentrações de princípios venenosos são encontradas nas raízes, em
quantidades menores nas folhas maduras e nos caules, e a concentração mais
baixa é encontrada nas frutas.
As folhas novas, quando coletadas antes de
adquirirem uma cor vermelha, são comestíveis se fervidas por 5 minutos,
enxaguando-as e tornando a ferver novamente.
As bagas são tóxicas quando ruas, mas
comestíveis quando cozidas; A ingestão de partes venenosas da planta pode
causar uma cólica severa do estômago, náusea com diarreia e vômito persistente,
respiração lenta e difícil, fraqueza, espasmos, hipotensão, convulsões severas,
e morte. Porém, a ingestão de menos de uma fruta crua é geralmente inofensiva a
adultos.
Diversos investigadores relataram mortes de
crianças após a ingestão de bagas cruas ou ingestão do suco de fitolaca.
Envenenamentos severos foram relatados em adultos que ingeriram as folhas
maduras da fitolaca e também após a ingestão de uma infusão produzida com meia
colher de chá da raiz da fitolaca em pó.
Um caso de toxicidade em campistas que
ingeriram brotos de folha corretamente cozidos foi relatado pelo centro de
controle e prevenção de doenças.
Dezesseis dos 51 casos exibiram sintomas agudos
(vômito seguido por qualquer dos 3 sintomas seguintes: náusea, diarreia,
cólicas do estômago, vertigem, dor de cabeça).
Estes sintomas persistiram por até 48 horas (tempo
médio, 24 horas). Envenenamento também pode ocorrer quando os componentes
tóxicos entram no sistema circulatório através de cortes e abrasões na pele. Os
sintomas de envenenamento brando duram geralmente 24 horas.
Em casos severos, a lavagem gástrica, indução
ao vômito e o tratamento sintomático e de suporte foram sugeridos. O FDA
classifica a fitolaca como uma erva de segurança indeterminada que demonstrou
efeitos narcóticos.
Farmacologia: Os componentes tóxicos da planta
são as saponinas triterpênicas; As saponinas também estão presentes em culturas
celulares; Inúmeras proteínas da fitolaca foram estudas por diversas razões;
Proteínas miogênicas com a habilidade de ligar carboidratos específicos
(di-N-acetilqultobiose) foram encontradas e isoladas das raízes da fitolaca há
décadas; Medicinalmente, o grupo de proteínas da fitolaca mais interessante é o
das proteínas antivirais da fitolaca (PAP - pokeweed antiviral proteins).
Isoformas diferentes das PAP estão presentes
nas sementes e em folhas em estágios diferentes do crescimento. Todas as
proteínas possuem aproximadamente em massa e são homólogas às proteínas
inativadoras dos ribossomos, tal como a ricina.
As proteínas antivirais da fito laca (PAPs)
foram estudadas extensivamente por sua atividade antiviral e seu mecanismo
bioquímico.
Estas enzimas são capazes de remover
enzimaticamente o anel purínico da adenina (A4324) e também diversos outros
resíduos do RNA ribossômico através de uma atividade específica de RNA
N-glicosidase. A consequência desta atividade em células vivas é cessação da
síntese de proteínas.
As proteínas estão presas à parede celular da
planta e não intervierem com os ribossomos nas células da planta enquanto a
célula permanece intacta. Algumas Isoformas das PAPs podem também depurar oRNA
viral do vírus H1V1, o que obstrui a replicação do vírus dentro das células
anfitriãs, uma propriedade que não é compartilhada por todas as proteínas
inativadores de ribossomos.
A ricina, por exemplo, é inativa como um agente
antiviral, mas as PAPs são ativas contra uma grande variedade de vírus
botânicos e animais, incluindo o pohovírus, o herpes simplex, o vírus da gripe,
o citomegalovírus e o HIV. Especificidade da ação contra RNA viral e não contra
o RNA da célula anfitriã parece ocorrer pela habilidade das PAPs em ligar-se ao
capacete (cap.) do RNA.
Mostrou-se que a ligação à cap. do RNA e a
depuração do rRNA, podem ocorrer independentemente devido a uma mutação de um
resíduo de asparagina conservado, que obstrui a depuração do rRNA mas não a
ligação ao capo, o mesmo estudo mostrou que a PAP é retrotranslocada através do
retículo endoplasmático para citosol celular.
As estruturas das PAP-1I1 e PAP-S. foram
determinadas por cristalografia de raios-X de alta resolução, e estão
disponíveis na literatura; A propriedade antiviral destas proteínas funciona
como um microbicida para doenças sexualmente transmissíveis, tal como o HIV.
A PAPI não mostrou nenhum efeito adverso no
sêmen usado para a inseminação artificial em coelhos, e os filhotes nascidos da
inseminação com sêmen tratado eram inteiramente normais: Do mesmo modo, nem os
espermatozódes, nem as células epiteliais do canal vaginal humano foram
afetadas adversamente pelas PAPs. Como um microbicida tópico, a PAP seria
administrada vaginamente em uma preparação de gel.
Consequentemente, as PAPs foram avaliadas em um
estudo subcrônico e reprodutivo com 13 semanas de duração que avaliou a
toxicidade em camundongos. Nenhum efeito adverso na mucosa vaginal ou no
sucesso reprodutivo foi encontrado com a avaliação de vários parâmetros; entretanto,
nos coelhos, uma irritação vaginal de intensidade moderada a marcante foi
notada em alguns animais, porém a intensidade deste efeito adverso não foi
dependente da dose.
É preciso enfatizar que os estudos acima foram
conduzidos usando proteínas purificadas e que os extratos brutos da fito laca
não podem ser substituídos na terapia por causa de suas propriedades tóxicas
agudas; As saponinas mostraram uma atividade anti-inflamatória em um modelo
murínico de edema da pata em doses 10 vezes mais baixas do que a DL, porém a
toxicidade das saponinas impossibilita seu uso contra a inflamação.
O esterol alfa-espinasterol foi isolado como um
princípio ativo; algumas das neolignanas da fitolaca promovem o crescimento axonial
em culturas de neurônios corticais de ratos; os extratos da fitolaca possuem
efeito inibitório em um modelo de nefropatia diabética;
Os envenenamentos por fitolaca eram comuns no
leste da América do Norte durante o século 19, especialmente pelo uso de
tinturas como preparações antirreumáticas e pela ingestão das bagas e das
raízes que eram confundidas com a pastinaga, a alcachofra de Jerusalém ou a
raiz-forte
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