Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Myrtales
Família: Myrtaceae
Género: Acca
Espécie: A.
sellowiana
Nome binomial Acca
sellowiana
Feijoa (=Acca) é um gênero da família Myrtaceae que inclui
uma única espécie, a Acca sellowiana (nome antigo: Feijoa sellowiana),
conhecida vulgarmente por goiaba-serrana, goiaba do campo (como é conhecida nas
serras da Colônia Jaguari) ou goiaba-ananás.
É um arbusto vivaz ou árvore de pequena dimensão, atingindo
entre 1 e 7 metros de altura, originário das terras altas do sul do Brasil,
leste do Paraguai, Uruguai e norte da Argentina.
O fruto amadurece no outono e é de coloração verde, com o tamanho
de um ovo de galinha e de forma elipsoide. Tem um sabor agradável, aromático e
doce.
A polpa é sumarenta, dividindo-se numa parte mais
gelatinosa, onde estão as sementes, e uma parte mais firme e levemente
granulada junto à casca.
O fruto cai da árvore quando maduro, mas pode ser colhido
antes, de modo a não ficar danificado. A polpa granulada junto à casca pode ser
utilizada como esfoliante.
As pétalas das flores, no final do seu ciclo, também são
comestíveis possuindo um sabor suavemente adocicado e agradavelmente perfumado.
O botânico alemão Otto Karl Berg nomeou o gênero em honra do
naturalista luso-brasileiro João da Silva Feijó (1760-1824). Durante o período
em que viveu no Ceará, Feijó foi encarregado pela coroa portuguesa de mandar
exemplares da flora nordestina para o Real Jardim Botânico da Prússia, o que,
mais tarde, ocasionaria a homenagem.
A feijoa é uma planta de ambientes quentes-temperados a
subtropicais, desenvolvendo-se também nos trópicos, requerendo, contudo, alguns
dias de baixas temperaturas (chilling requirement) para poder frutificar.
No hemisfério norte, tem sido cultivada até a Escócia, mas
nem sempre frutifica porque temperaturas abaixo dos -9°C destroem os botões
florais. É uma planta bastante popular na Nova Zelândia, onde é cultivada nos
jardins.
Algumas cultivares enxertadas procedem à autopolinização,
mas a maioria necessita de um agente polinizador.
Domesticação da espécie no Brasil
O processo de domesticação da goiabeira serrana no Brasil
iniciou-se em 1986 por iniciativa do pesquisador Jean-Pierre Ducroquet, da
Empasc (hoje Epagri - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina).
Ducroquet conta que seu interesse pela goiabeira serrana
começou depois que o professor R. H. Sharpe, da University of Florida, visitou
o Brasil e comentou que a goiabeira serrana, nativa do Brasil, estava sendo
cultivada em várias partes do mundo inclusive nos Estados Unidos.
Depois de averiguar sobre a fruta nativa, Ducroquet decidiu
iniciar uma coleção com os melhores exemplares nativos da região e com alguns
acessos melhorados de outros países.
Naquela época, através de um concurso regional, adquiriu 10
amostras de frutos das 150 melhores goiabeiras serranas da região.
A grande diversidade de acessos foi a base para o trabalho
de melhoramento genético que se iniciou no município de Videira (SC) e foi
depois transferido para o município de São Joaquim, no planalto serrano
catarinense, onde as condições climáticas são mais favoráveis ao
desenvolvimento da espécie.
Depois de alguns anos de observação de cada acesso, se
fizeram cruzamentos dirigidos de quatro exemplares nativos com dois exemplares
melhorados na Nova Zelândia, a cultivar Apollo e a cultivar Unique, todos
cruzando entre si seguindo um delineamento dialélico num total de 960 plantas.
Só em 2007 foram lançadas duas cultivares comerciais
brasileiras, adaptadas às condições climáticas do planalto serrano catarinense,
então chamadas Alcântara e a Helena. Em 2008, outras duas cultivares foram
lançadas, a Mattos e a Nonante.
Ela é nativa do Sul do Brasil, mas é mais conhecida pelos
consumidores da Europa, Estados Unidos, Japão e Oceania. Ela até pode ser
encontrada em boas frutarias da cidade de São Paulo, entre março e maio.
Mas só na versão importada da Colômbia, cuja produção só
perde para a da Nova Zelândia (embora em nenhum dos dois países ela cresça
naturalmente).
Como toda fruta, a feijoa tem suas qualidades de alimento
funcional: muita vitamina C; fósforo; magnésio; sódio; cálcio e uma bela dose
de potássio, bom para combater câimbras e dar tonicidade aos músculos.
Diferente do resto, porém, ela tem ainda um alto teor de
iodo, componente importante dos hormônios secretados pela tireoide,
responsáveis pelo equilíbrio do metabolismo em nosso organismo.
A carência de iodo leva ao desenvolvimento de uma doença
chamada bócio e é por isso que o elemento é acrescentado artificialmente ao sal
que consumimos.
As qualidades únicas da feijoa não param por aí. De acordo
com pesquisas desenvolvidas sobretudo na Itália, sua polpa é antioxidante
(ajuda a “segurar” o envelhecimento) e antimicrobiana (combate bactérias e
fungos).
Uma pesquisa realizada no Japão vai mais além, atribuindo ao
consumo da fruta o poder de modular a imunidade intestinal e reduzir a tolerância
oral.
Os japoneses testaram a polpa ao natural e uma versão in
vitro digerida e, em ambos os casos, os polifenóis presentes na feijoa
reduziram a secreção de TGF-beta pelo intestino. TGF-beta é uma proteína comum
em todo nosso organismo, mas sua secreção em excesso está associada ao
crescimento de células cancerosas.
Traduzindo para o português claro, isso torna a feijoa uma
aliada importante na prevenção e no tratamento de certos tipos de câncer e
doenças auto imunes, ou seja, doenças causadas pelo mau funcionamento do
sistema imunológico (quando nossas “armas” de defesa atacam o próprio
organismo).
Com tantos benefícios passíveis de se obter com o simples
consumo da fruta – ou de doces, sucos e sorvetes feitos com sua polpa – é de se
perguntar por que a grande maioria dos brasileiros não conhece a feijoa.
Parte da dificuldade está no fato de a espécie não estar bem
domesticada e os frutos não resistirem à armazenagem por mais de 2 a 3 semanas.
Ah, e querem saber mais um pouquinho? A feijoa produz flores
muito diferentes, com pétalas carnudas e saborosas, muito apreciadas pelas
aves.
As aves visitam as flores atrás das pétalas e se enchem de
pólen, fazendo a polinização da espécie.
Tem gente que aprecia essas mesmas pétalas em saladas. E
elas são usadas para enfeitar pratos sofisticados na Nova Zelândia, fazendo
parte do cardápio, eventualmente.
Em resumo, prestem atenção neste nome – feijoa – vocês ainda
vão ouvir maravilhas sobre ela!
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