Uma breve história da arte de
Penjing e Pen Zai (Bonsai)
A arte da jardinagem na China era já muito evoluída
nas dinastias Xia, Shang e Zhou, época em que os palácios, os pavilhões e os
terraços eram rodeados de jardins embelezadamente planejados. As colinas
artificiais foram introduzidas nos jardins na dinastia Han, e, a partir da
dinastia Tang, foram miniaturizadas para poderem ser acomodadas em vasos de
barro (pen). Esta arte da miniaturização era, durante as dinastias Tang e Song,
conhecida por “Pen Wan” e, posteriormente, na dinastia Yuan, por “Xie Zi Jing”.
O termo “Penjing” foi adoptado no final da dinastia Ming e inícios da dinastia
Qing.
A arte de Penjing tem sido uma das artes de
ocupação dos tempos de lazer dos chineses. Abrange o arranjo de rochas e a
modelação de árvores. Existem também “Peijing” naturais, não modeladas pelo
homem. As “Peijing” de maiores dimensões são exibidas em jardins ou quintais e
as de menor são normalmente colocadas em cima de mesinhas dentro de casa. Esta
arte pode apresentar construções como pavilhões, terraços, árvores, barcos,
pessoas, pássaros e animais, apresentando, assim, cenas mais vivas e autênticas
do que a pintura, o que a torna uma arte chinesa única.
Após a II Guerra Mundial, os japoneses tornaram-se
muito interessados nesta arte. No entanto, devido à existência limitada de
materiais necessários à sua execução e ao facto de o Japão não possuir uma
variedade grande de rochas, a arte de Peijing encontra-se menos difundida e
desenvolvida no Japão do que na China.
O termo “Pen Zai” aparece pela primeira vez na
dinastia Jin. O poeta Tao Yuan Ming, cansado de trabalhar para o Imperador,
retirou-se do funcionalismo para levar uma vida de reclusão na sua aldeia
natal, gozando da vida do campo. Tornou-se muito conhecido pelo seu interesse
particular no cultivo e apreciação do crisântemo.
Julga-se que o primeiro registo escrito sobre o
termo “Pen Zai” seja da autoria do poeta. A incorporação de paisagens na arte
Pen Zai, na dinastia Song, originou a mudança do seu nome para “Penjing” e, na
dinastia Yuan, para “Xie Zi Jing”, tornando-se mais popular durante as
dinastias Ming e Qing, especialmente nos períodos dos imperadores Kang Xi e Jia
Qing da mesma dinastia.
Foi durante estes períodos de paz e prosperidade
que as pessoas de todas as classes, da nobreza aos comerciantes e plebeus,
comçaram a manifestar interesse nesta arte, que se tornou o maior hobby em toda
a nação. Foi também nestes períodos que começaram a surgir estilos e formas
distintas em diferentes regiões da China, variando com a passagem do tempo.
Alguns dos estilos específicos das dinastias Ming e
Qing são os seguintes: estilo “pagode de flores”, de Yangzhou; estilo
“minhoca”, de Sichuan; estilo “dragão a rolar”, de Anhui; estilo “três curvas
do norte”; estilo “suporte horizontal”, das zonas de Hubei e Hunan; estilo
“cinco florestas”, de Guandong, etc. Até ao final da dinastia Qing e aos
primeiros tempos da República (c. 1900), os cantonenses seguiram as técnicas da
pintura chinesa e inventaram uma técnica para controlar o desenvolvimento do
ramo e encurtar o tronco, refletindo assim o seu resultado final uma impressão
mais real da pintura de árvores já idosas mas ainda fortes.
Este estilo passou a chamar-se o estilo da “Escola
Lingnan” e foi imitado por outras regiões atingindo, assim, a arte de Penjing o
seu apogeu. Tanto os artistas do Norte como os do Sul deram ênfase à recriação
de paisagens com árvores anciãs, que evocavam uma atmosfera de maturidade. Os
métodos antigos começaram a perder-se e por fim foram eliminados, dando-se a
reforma mais importante no estilo da arte de Penjing.
Embora esta arte se tivesse iniciado na dinastia
Jin e o seu nome tenha sido alterado várias vezes, a ênfase era sempre posta na
apresentação da paisagem natural. Mais recentemente, o termo “árvore anciã” é
usado para designar a “Penjing” elaborada com plantas mas sem paisagens.
A arte japonesa foi em tempos passados muito
influenciada pela China. Durante a dinastia Qing, Xu Fu, um enviado do
Imperador da China, chegou ao Japão. Durante a dinastia Yuan, o Japão enviou
emissários e comerciantes para a China para fazer comércio. Além disso, muitos
japoneses vieram estudar para a China e levaram consigo a arte Penjing de para
o Japão.
No final da dinastia Ming, Zhu Shun Shui, um
oficial Ming que não queria servir o governo Manchu, deixou o país e foi
refugiar-se no Japão; através dele, vários aspectos da cultura chinesa, em
particular a arte de Penjing, foram introduzidos neste país. A partir daí o
interesse por esta arte surgiu e popularizou-se entre o povo japonês.
O termo “Bonsai”, uma tradução fonética direta do
termo chinês “Penjing”, foi introduzido no Ocidente através do Japão, após a II
Guerra Mundial. Apesar de ser originária da China, temos que reconhecer que a
difusão desta arte no mundo se deve, de fato, ao esforço dos japoneses.
Hoje em dia, a arte de Penjing encontra-se
disseminada por todo o mundo, tendo surgido na Ásia, Europa, América, Austrália
e África muitas associações de “Penjing”, que oferecem frequentemente
oportunidades aos seus associados para trocarem ideias e resultados de
pesquisa. Nos Estados Unidos da América, cada Estado tem uma associação de
“Penjing”.
Uma qualidade vantajosa da “Penjing” é o fato de ser uma
reprodução miniaturizada da paisagem natural e de poder ser apreciada em
ambientes interiores. Comparando-a com a pintura de paisagem, trata-se de uma
representação da Natureza mais viva e realista do que esta. Hoje em dia, na
nossa ocupada vida urbana, somos constantemente pressionados pelo trabalho e
pela rotina.
A recreação dum cenário miniaturizado da Natureza
proporciona-nos uma sensação de serenidade e equilibra os trabalhos rotineiros
e maçantes do nosso dia-a-dia. A “Penjing”, além de constituir uma manifestação
artística, é benéfica para a nossa saúde física e psicológica, como refere o
colunista Xing Xing. Por seu lado, Li Guo Wei refere também que a ocupação dos
tempos livres dos jovens com a arte de “Penjing” os ajuda na criação de ideais.
Estudo sobre Modelação e Esquematização de “Penjing”
A criatividade é importante na
estruturação da “Penjing” e a sua plantação exige experiência. Além de
conhecimentos de jardinagem, é também necessário treino artístico, muita
paciência e constância. Cada um deve atualizar-se através da leitura de
publicações sobre a teoria desta arte, da apreciação de produções de outras
pessoas e das principais peças artísticas, para além de prestar sempre atenção
aos cenários naturais. Os progressos e criações da arte só podem ser atingidos
através da pesquisa e da prática.
A modelação e a formação são muito
importantes na arte de Penjing. O crescimento das plantas é condicionado pela
Natureza. Qualquer modelação artificial deve ser efetuada de forma simples.
Cada espécie possui o seu carácter e forma únicas e não convém alterá-las
forçadamente, tal como o carácter envelhecido e forte do pinheiro ou do
cipreste (Pinácea) não pode ser transformado no carácter livre e elegante do
bordo (Acerácea) ou do bambu (Gramínea)
O pinheiro de água (Glyptostrobus
pensilis), normalmente encontrado no campo e nas margens dos riachos em
Guangdong, o abeto encontrado nas cordilheiras e a árvore do algodão (Sumaúma),
geralmente encontrada em Hong Kong, são espécies caracterizadas pela sua
estatura elevada, expressão dum sentido de afastamento e espírito de
independência e heroísmo.
A árvore do algodão (Sumaúma)
demonstra especialmente estas qualidades. Se estas espécies fossem plantadas em
vaso (pen), numa tentativa de modelação artificial de “envelhecimento”, que
seria contrário à Natureza. O resultado seria como se quiséssemos desenhar um tigre,
mas o apresentássemos como se fosse um cão.
Os modelos “inclinar em pen” ou
“pendurar em penhasco” não são apropriados a estas árvores altas. Portanto os
artistas, quando pensam em modelação e esquematização, devem ser capazes de
identificar as espécies, saber as suas formas, escolher a melhor espécie e
conservar o seu carácter original, como um pintor que tende a escolher os
aspectos mais interessantes e bonitos duma cena. O objetivo é criar cenários de
um encanto extraordinário.
Quando se desenha uma “Penjing”,
devem fazer-se observações e considerações e trocar-se impressões com outros
artistas sobre o esquema a aplicar antes de iniciar a sua execução. A “Penjing”
tem várias formas e estilos, que se podem classificar em duas categorias: 1)
natural e elegante. 2) velho e forte. O princípio de modelação e esquematização
é o de seguir simplesmente a Natureza, com o objetivo de criar uma atmosfera
poética e pitoresca.
As formas são agrupadas segundo os seguintes tipos:
·
Um tronco;
·
Dois troncos;
·
Múltiplo tronco com uma copa
·
Múltiplo tronco (também conhecido por “floresta
combinada”);
·
De pendurar em rocha
·
De semi-pendurar em rocha;
·
De sombra de água;
·
De inclinar em pen;
·
De flutuar para fora do vaso;
·
De ramos a cair;
·
De “mãe-filho”;
·
De adesão a uma rocha.
O último tipo exige a escolha de
rochas apropriadas assim que a planta se adira à fenda, reproduzindo um quadro
vivo duma árvore anciã crescendo numa rocha interessante.
Cultivo de Árvores em Vaso (Pen)
Muitas plantas são colhidas em ermos nas montanhas
e algumas ainda são apenas rebentos. Antes de transplantados para o pen, os
rebentos devem de ser plantadas no solo, o qual deve estar cercado de telhas
para as suas raízes crescerem na horizontal em vez de na vertical. Desta forma,
a árvore pode ser desenterrada sem as raízes serem danificadas durante a
transplantação, que deve ser levada a cabo quando a planta está bem
estabelecida e já se tornou robusta.
Depois da transplantação, poda-se para retirar os
ramos indesejados. A fim de dar um aspecto de envelhecimento e de robustez, o
artista tem que recorrer ao método que encoraja o crescimento de ramos pelo
corte de parte dos troncos.
Assim, quando uma parte dum tronco está bem
estabelecida, faz-se um corte e a planta irá rebentar no ponto onde é cortada.
Através da repetição deste processo em vários pontos, a árvore irá ser modelada
para poder dar uma impressão de envelhecimento e robustez (só em último caso se
usa arame para modelar árvores). Esta técnica artística é conhecida como uma
técnica tradicional da Escola Lingnan.
A importância do Pen e do
Pedestal
A escolha do pen para uma “Penjing” particular é
muito importante, tal como o corpo do ser humano, que varia em peso, altura,
traços e estrutura, exige cores, cortes e estilos de roupa apropriados. Existem
pen de diferentes cores, formas, tamanhos, profundidades, comprimentos e
larguras. A escolha da cor é importante, como também do tamanho e da forma.
Uma árvore que se queira plantar num pen alongado
não pode ser cultivada num pen quadrado ou redondo, e vice-versa, assim como
uma árvore para a qual é apropriado um pen pouco profundo, não deve ser
plantada num pen profundo. Exemplifico aqui algumas falhas na escolha dos pens:
um bordo vermelho (Liquidambar formosana) plantado num pen vermelho de Yixing;
uma ameixeira branca plantada num pen cerâmico de Wuxi, de Shiwan ou de
Jiangxi; um pinheiro ou cipreste cuja aspecto aparente envelhecimento plantado
num pen com uma cor escura ou quase preta.
A combinação desadequada de um pen e de uma planta
causa influências negativas na modelação da “Penjing”. A sua harmonia depende
em grande parte da escolha sensata dum pen. Todos os interessados na arte de
Penjing devem tomar este aspecto em conta.
Os pens são feitos de materiais diferentes. Os
preferidos são os de barro, seguindo-se os de pedra e os de cerâmica,
respectivamente. Os pens de barro dão uma impressão de simplicidade, sobretudo
os chineses, famosos pelo seu estilo, modelo e tipo de argila usada. Os pens
antigos são apreciados e considerados antiguidades.
Os melhores pens são os provenientes de Shiwan,
Wuxi, Yixing e Qinzhou; os de Chaozhou também são bons. A qualidade de um pen
depende da argila de que é feito. Os pens de Shiwan são os mais resistentes ao
calor. Se pusermos diferentes pens ao sol, podermos observar que os de Shiwan
absorvem menos calor. Esta é a razão pela qual os artistas favorecem o uso
destes últimos.
Normalmente os pedestais são feitos de madeira e
por vezes de barro. Alguns pedestais de madeira são marchetados de concha ou
são cobertos com mármore. Entre as madeiras usadas, a melhor é a de sândalo
vermelho, proveniente das florestas tropicais do Sudeste Asiático, o qual é
mais pesado do que a água. A segunda escolha é madeira preta ou madeira rosa
(ambas são pau-rosa).
“Penjing” Composta
A “Penjing” composta é também conhecida como
floresta combinada. Os japoneses chamam-na “He Zhi” (寄植). De facto, trata-se do arranjo
de três ou mais plantas num só pen. Se for bem desenhada, a “Peijing” composta
poderá dá um aspecto de tranquilidade, apresentando uma cena pitoresca da
Natureza.
Ao apreciarmos uma “Penjing” composta, podemos
imaginar que estamos sentados em frente a uma floresta, ouvindo os pássaros a
cantar, o som da água a correr, pessoas a cantar, a recitar poemas ou a ler. Há
uma grande variedade de estilos de “Penjing” composta, tendo cada um as suas
qualidades únicas na apresentação da beleza natural.
Materiais usados
1.
Uso de apenas uma espécie
2.
Uso de espécies diferentes
3.
Uso de plantas da mesma idade
4.
Uso de plantas de idades diferentes
5.
Uso de plantas da mesma forma
6.
Uso de plantas de formas diferentes
Estilos
1.
Floresta esparsa
2.
Floresta densa
3.
Floresta muito densa
4.
Floresta distante
5.
Floresta próxima
Ambiente
geográfico
1.
Cordilheira e floresta
2.
Pântano e floresta
3.
Litoral e floresta
4.
Campo deserto e floresta
5.
Riacho e floresta
6.
Colina e floresta
7.
Floresta virgem
8.
Trilho e bosque
Para se decidir o estilo duma “Penjing”, devem-se
considerar demoradamente todos os materiais disponíveis. Antes de proceder à
sua construção, deve-se ainda fazer um desenho para uma melhor planificação. É
aconselhável consultar os quadros famosos para a análise de modelos e ter como
referência as paisagens de floresta eventualmente observadas durante as
viagens. Todos estes procedimentos ajudam à produção duma “Penjing” com aspecto
natural.
Princípios da combinação de
plantas:
A “Penjing” composta por mais de três árvores
plantadas num pen ilustra a beleza de um cenário natural. Contudo, uma
“Penjing” demasiado trabalhada dá normalmente uma impressão de mau gosto e
falta de harmonia, contrárias à Natureza. Portanto, os princípios da harmonia,
da combinação apropriada e da estabilidade da forma devem ser seguidos. Caso
contrário, a “Penjing” apresentará um aspecto de desordem, vulgaridade e
artificialidade.
A estrutura global deve ser planeada de acordo com
estes princípios. Através de uma consideração séria e de inspiração, podemos
decidir a altura da planta, a grossura do tronco e se as árvores deveriam ser
plantadas muito próximas ou afastadas. Na realidade, as variações são
infinitas.
Esquematização de uma “Penjing”
composta:
Em primeiro lugar, terá que haver materiais
suficientes para efetuar a esquematização duma “Penjing”. Por exemplo, para uma
“Penjing” composta por cinco plantas é necessário ter três ou quatro plantas
extras à escolha, por nem todas as plantas serem ideais para uma “Penjing
composta”, em termos de altura e grossura. Algumas não são apropriadas por as
raízes se encontrarem estragadas.
Quanto mais abundantes os materiais, melhores os
trabalhos. Por exemplo, escolhemos três plantas como elementos básicos para a
composição de uma “Penjing”, entre as quais a planta principal tem um tronco
mais alto e grosso, a secundária é relativamente menor e mais baixa, e a outra
lateral é a mais curta e tem um tronco estreito.
As outras plantas podem ser plantas menores do que
essas três plantas principais. Normalmente, o número de plantas é ímpar: 3, 5,
7 ou 9, etc. Convém que o pen não seja profundo e que tenha o tamanho apropriado.
É mais difícil de atingir a harmonia para uma “Penjing” de três plantas. A
experiência mostra que, quanto maior o número de plantas, mais fácil é manter a
sensação de equilíbrio e harmonia, assim como esconder os defeitos.
Considerando que uma composição de três plantas é a
estrutura básica para a composição de mais plantas, os iniciados devem começar
por trabalhar com esta composição e só depois, com mais experiência e
confiança, aumentar o número de plantas, adquirindo, assim, o gosto pela arte e
alcançando progressos.
Não é necessário ter muitas plantas para
representar uma paisagem de floresta, isto é, a quantidade não é tão importante
como outros fatores, tais como os materiais e a esquematização. Não é
necessário prestar muita atenção ao modelo da “Penjing” composta, mas sim ao
espaçamento. Uma “Penjing” composta bem estruturada conduz os observadores a
uma imaginação ilimitada associada com a beleza da paisagem de floresta.
Quando todos os materiais estiverem preparados,
pode iniciar-se a plantação. O tronco principal é plantado cerca de um terço do
comprimento para cada lado do pen, devendo o tronco lateral ser plantado
próximo deste. No entanto, o alinhamento dessas duas plantas deve ser paralelo
ao lado mais comprido do pen.
A planta secundária é plantada numa posição oposta
ao tronco principal a um terço do comprimento para o outro lado do vaso. Este é
o arranjo mais estável para essas plantas. A posição da planta secundária pode
variar ligeiramente, todavia o ponto principal é que as plantas devem formar um
triângulo de lados desiguais. O alinhamento das plantas nunca deve ser paralelo
e a distância entre elas deve variar.
Exemplificando, numa “Penjing” composta por sete
plantas, as quatro plantas adicionais devem ser plantadas de maneira que fiquem
por trás ou próximas das três plantas originais, e nunca plantadas no meio do
pen ou entre duas plantas. Não podem ser sobrepostas ou bloquear-se umas às
outras.
O objetivo principal é dar a impressão de uma vista
distante ou próxima de uma floresta com toda a sua beleza natural. Esta é
somente uma sugestão para os principiantes. Uma pessoa com experiência
acumulada pode ter a capacidade de produzir variações deste tema e apresentar
outros aspectos interessantes da paisagem de floresta. Pode ainda conceber uma
“Penjing” composta por dois ou três grupos de florestas.
Caso se pretenda plantar três árvores de tamanho
semelhante num pen, o tronco principal é o centro da “Penjing” e os troncos
secundário e lateral são considerados os troncos adicionais. Assim, é
conveniente posicioná-los muito próximo, caso contrário o cenário será menos
interessante. É também aconselhável não cobrir completamente as raízes e
fazê-lo apenas com musgo.
Com a passagem do tempo o musgo descascar-se-á e
parte das raízes bem estabelecidas revelar-se-ão, dando a impressão de uma
árvore envelhecida, solidamente ancorada no solo. Recordo que não se deve espaçar
muito as plantas de tamanho semelhante. Este princípio é fundamental para a
plantação de árvores de tamanho semelhante.
A plantação composta é a melhor exibição de
criatividade, forma artística, realismo e beleza natural. O seu estilo é
refinado e o seu custo não é elevado. Oferece também amplas oportunidades para
uma grande variedade de apresentações, exprimindo as ideias, o uso de técnicas
e o talento do autor. Por vezes uma planta semi-morta, ou mesmo morta, ou sem
ramos completos, que é aparentemente inútil para um leigo, torna-se muito
interessante quando combinada com outros materiais. Este trabalho é o resultado
da habilitação e imaginação dos artistas de “Penjing”, que sabem milagrosamente
transformar materiais aparentemente inúteis criar obras belas.
“Penjing” montada em rocha
A “Penjing” montada em rocha (em
japonês “Shi Fu” 石付) tem o
seu carácter próprio. Uma “Penjing” com uma boa combinação de árvores, flores
ou ervas montadas em rocha, apresenta um quadro próximo dos aspectos de um
cenário natural autêntico, como se fosse uma obra de arte fina e poética.
Podem produzir-se vários cenários:
“águas galgando vales”, “árvores penduradas em penhasco”, “árvores anciãs
enraizadas em penhasco vertical”, “ilhas desertas”, “árvores e cordilheira de
montanhas” e “montanhas verticais e árvores entre rochas”, etc. Se nos
sentarmos numa sala de estar onde estejam expostas essas “Penjing” com
paisagens naturais miniaturizadas, poderemos sentir-nos como se estivéssemos
numa floresta.
Este tipo de “Penjing” exige uma
boa combinação das plantas com a rocha na qual são montadas, pelo que é mais
difícil dominar estas técnicas do que as utilizadas nas “Penjing” elaboradas só
com plantas. A estruturação e as técnicas necessárias são mais complicadas, e
de fato, produzir uma “Penjing” montada em rocha de boa qualidade não é fácil,
especialmente para os iniciados.
Estudo das rochas
O estudo das rochas é muito
importante na pintura do estilo Han. Para podermos adquirir mais conhecimentos
sobre a forma das rochas a utilizar, temos de estudar com muita atenção as
interpretações das rochas nas pinturas dos mestres famosos Han e os trabalhos
de outros artistas da arte de Penjing. É também necessário observar as
paisagens naturais para conseguir criar peças artísticas com rochas bem
modeladas e de tipo apropriado. O ponto crucial para obter sucesso é aprender
com a Natureza e com mestres da arte.
Procurando tipos de plantas e rochas
Não é difícil encontrar rochas em
viveiros de plantas em Hong Kong, para além de não serem caras. Ao passear no
campo, na montanha ou na margem de um riacho, poderemos encontrar algumas
rochas interessantes e úteis. As rochas recolhidas nas zonas suburbanas podem,
no entanto, não possuir todas as propriedades necessárias, como seja serem
franzidas, transparentes, estreitas e elegantes.
Ao contrário de uma rocha por si
só, a cena apresentada pela planta anexada à rocha é menos monótona. No que se
refere às plantas, existe, para este tipo de “Penjing”, uma grande variedade de
plantas apropriadas, e não é necessário procurar “árvores velhas”.
Quaisquer árvores pequenas servem
o propósito, desde que combinem com a rocha, tenham uma boa aparência e raízes
saudáveis. O resultado final da “Penjing” depende da inspiração artística e das
ideias do seu criador.
Reserva e preparação de materiais para uso futuro
Tal como para a “Penjing
composta”, é necessária, na vida quotidiana, a reserva e a preparação de
materiais necessários para uso futuro na produção da “Penjing” montada em
rocha. Plantas como o olmo, a árvore de chá de Fujian (Carmona microphylla), o
“Céu Estrelado” (Serissa foetida), a tangerineira (Murraya paniculata) e a
ameixeira (Sageretia theezans), e ainda rebentos de árvores pequenas.
Tempo necessário para as plantas se anexarem à rocha
O tempo de anexação varia de
acordo com as diferentes espécies. A anexação de plantas como a árvore de chá
de Fujian (Carmona microphylla), a tangerineira (Murraya paniculata) e a
Bougainvillea Glabra, que não gostam de frio, convém ser feita no Verão, quando
a estação do vento do Norte termina e antes do início do Outono. O tempo ideal
para outras espécies é a Primavera, por volta de março, antes do surgimento de
rebentos.
É uma altura em que o período de
hibernação termina e o tempo começa a ficar morno, tornando-se o crescimento
mais ativo. Mas por exemplo para o olmo, por rebentar mais cedo, o trabalho de
anexação deve ser feito antes do de outras espécies. O pinheiro, o cipreste e
todos os “sempre-verdes” são mais resistentes ao frio. Assim, estas espécies
podem ser anexadas no final do Outono ou no início do Inverno, mas não depois
do mês de novembro.
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