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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Como cultivar o nim

Obter sementes de árvores vigorosas e que apresentam produção satisfatórias é fundamental, bem como a escolha da área para o viveiro.

Trabalho realizado pela Embrapa Florestas verificou as situações de campo do cultivo do nim (Azadirachta indica), em vários pontos do país, com o intuito de apresentar orientações técnicas que possibilitem aos pequenos e médios produtores rurais cultivarem a espécie para a produção de frutos. 
 
Notou-se que as mudas do nim mais usadas são do tipo pé-franco, ou seja, originadas diretamente de sementes. Inclusive, a seleção das mudas é um fator determinante para o sucesso do cultivo.

Obter sementes de árvores vigorosas e que apresentam produção satisfatórias é fundamental, bem como a escolha da área para o viveiro, priorizando locais com boa disponibilidade de água, circulação de ar suficiente e solo com boa drenagem.

Ele deve ser cercado por telas ou cercas, a fim de evitar ataques de animais e a perda de mudas. As sementes recalcitrantes suportam pouca perda de umidade, por isso a semeadura tem de ser feita logo após a colheita. Elas não necessitam de tratamento para germinação, basta a remoção da polpa do fruto.

A semeadura pode ser realizada diretamente em sacos plásticos de polietileno, em tamanho de seis centímetros de diâmetro por 14 centímetros de altura, e o substrato, uma mistura de três partes de solo de textura média para uma parte de matéria orgância bem curtida.

A germinação começa de quatro a dez dias após a semeadura, dependendo do clima local, e se estende por mais ou menos 30 dias. Mudas produzidas em sacos plásticos utilizam viveiros a céu aberto e são irrigadas ao menos uma vez por dia. A permanência delas em viveiro até o plantio (altura de 20 centímetros) varia de 45 a 100 dias.

Depois de selecionadas, e antes do plantio, as mudas devem passar pelo processo de adaptação ao clima real do campo ou exposição a pleno sol, durante 20 dias. Isso deve ser feito em local aberto, arejado e com boa incidência de luz. A irrigação e a fertilização devem ser restringidas nesse período. A adaptação contribui para a redução da mortalidade de plantas.

Clima e solo no cultivo do nim


O nim é uma planta valiosa para o cultivo em regiões tropicais subúmidas e semiáridas, e todas as áreas onde a temperatura média anual é inferior a 20ºC são inaptas ao seu cultivo

O nim é uma planta valiosa para o cultivo em regiões tropicais subúmidas e semiáridas. Todas as áreas onde a temperatura média anual é inferior a 20ºC são inaptas ao seu cultivo. Para qualquer situação de produção, locais com temperatura média anual entre 21 e 23ºC são considerados bons. 
 
A espécie pode ainda ser cultivada em lugares com diferentes regimes de chuva, com precipitação média que vai de 600 milímetros por ano, como em Juazeiro, na Bahia, até 1.400 milímetros ao ano, como no oeste do Estado de São Paulo.

As regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, norte do Paraná e parte da Norte são as que dispõem de áreas com condições climáticas mais apropriadas para o cultivo do nim. Nos locais mais quentes e secos, a árvore apresenta boa produção de sementes para extração do óleo.

Nos biomas mais úmidos, como Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, os plantios situam-se em solos profundos e drenados, a exemplo dos argissolos, neossolos quartzarênicos e latossolos. Na Caatinga e sua transição para Zona da Mata, os plantios são em solos rasos, como os luvissolos e neossolos litólicos.

Os solos mais adequados são os que apresentam pH entre 5 e 7, com baixos teores de alumínio trocável, elevados teores de bases trocáveis e alta saturação por bases. Dependendo da região, os aspectos físicos do solo podem sem mais limitantes do que os químicos. A espécie requer solos permanentemente drenados, ou bem drenados, portanto, fundos de vale com tendência ao acúmulo de água devem ser evitados.

O cultivo do nim e a produção de frutos no país

A Caatinga, na região Nordeste, fornece frutos do nim em escala industrial e é uma opção de produção de madeira, incluindo a de lenha.

O nim (Azadirachta indica), pertencente à família das meliáceas, é uma árvore de múltiplo uso, produtora de frutos e encontrada em diversas partes do Brasil. Pesquisa da Embrapa Florestas analisou as situações de campo em vários pontos do País. O objetivo foi apresentar orientações técnicas que possibilitem aos pequenos e médios produtores rurais cultivarem o nim para a produção de frutos.

A copa da árvore apresenta galhos com folhas e frutos (sementes), que são usados em áreas relacionadas à cosmética , medicina veterinária e humana, higiene pessoal e agricultura. Das sementes é extraído um óleo com elevado teor de azadiractina, utilizado como matéria-prima na fabricação de inseticidas, fungicidas e produtos veterinários, bem como xampu, sabonetes e pastas de dentes.

O subproduto da prensagem, a torta, é usada como adubo por floricultores e agricultores orgânicos e tem efeito comprovado como defensivo agrícola. As árvores são frondosas e suas folhas também são úteis, apesar do menor valor comercial. As folhas secas trituradas são empregadas como vermífugo para gado, e seu extrato aquoso pode ser usado no controle de vários insetos, entre eles a lagarta-do-cartucho, principal praga da cultura do milho.

A Caatinga, na região Nordeste, fornece frutos do nim em escala industrial e é uma opção de produção de madeira, incluindo a de lenha. Já nas regiões Sul, noroeste do Paraná, Sudeste, exceto a Caatinga mineira, Centro-Oeste e Norte, existem espécies madeireiras superiores, portanto o cultivo do nim está direcionado à produção de frutos (sementes) para extração de óleo. Aspectos da cultura do nim merecem atenção, sobretudo o espaçamento apropriado das plantações para produção de madeira e frutos.

Plantio em campo no cultivo do nim

O nim deve ser plantado em terrenos arados e gradeados, em relevo plano ou suavemente ondulado.

Para que o plantio em campo do nim (Azadirachta indica) seja bem sucedido, seu manejo deve observar questões importantes, como a escolha da área, o preparo do solo, o espaçamento e a adubação. 
 
A melhor época para plantação da espécie é o início do ano agrícola, marcado pelo começo do período das chuvas. Ele tem de ser plantado sempre a pleno sol, foi o que verificou a pesquisa realizada pela Embrapa Florestas nas situações de campo em vários pontos do Brasil.

Depois de 30 dias, é comum percorrer a área plantada para fazer o levantamento do número de mudas mortas e o replantio. As primeiras florações ocorrem, com intensidade crescente, a partir dos 18 meses de idade. No ciclo de 12 meses acontecem duas florações e duas frutificações. A produção de frutos se estabiliza entre oito e doze anos pós-plantio.

Devem ser evitados solos cujo relevo apresente tendência ao acúmulo de água e com textura muito argilosa ou compactados. O método de preparo da área vai depender da topografia e das características físicas do solo. O nim deve ser plantado em terrenos arados e gradeados, em relevo plano ou suavemente ondulado. A aração e a gradagem diminuirão a competição por gramíneas e plantas invasoras.

Antes do preparo mecânico da área, é importante que amostras do solo da camada 0-20 centímetros sejam coletadas e analisadas. Os resultados orientam as necessidades de calagem e de aplicação de fertilizantes. O cálculo da necessidade da calagem tem de ser feito por profissional da área e buscar elevar a saturação por bases a 50% ou mais.

As árvores exigem sempre muita luz, ou seja, o ideal é que cada árvore disponha de espaço satisfatório para que sua copa receba insolação por todos os lados, o que significa espaçamento amplo e quadrado. O crescimento das copas é muito afetado pelo clima, pelo solo e pela intensidade de cultivo, portanto, quanto mais favorável o conjunto, maior deve ser a superfície para cada árvore.

O nim é uma espécie exigente em nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K) e cálcio (Ca). Assim sendo, um programa de adubação voltado para a produção de frutos e sementes deve ser baseado em resultados de análises químicas do solo e das folhas. Após 48 meses do plantio, é recomendado fazer nova análise do solo para se avaliar suas caracaterísticas químicas.

Tratos culturais, decepa e colheita no cultivo do nim indiano

É comum os frutos tornarem-se amarelos e maduros, ou seja, aptos para colheita, dentro de 75 dias após a abertura das flores

Os produtos mais valiosos da produção do nim (Azadirachta indica) vêm dos frutos, como o óleo das sementes e a torta, resíduo obtido do óleo. Durante o cultivo, os tratos culturais, a decepa e a colheita das sementes são etapas importantes para que seu manejo seja bem-sucedido. Isso foi o que evidenciou o estudo realizado pela Embrapa Florestas nas situações de campo em vários pontos do Brasil.

O pós-plantio do nim exige cuidados especiais, a fim de se evitar plantas invasoras e pragas, como a formiga cortadeira (Acromyrmex spp.) e a saúva (Atta spp.). O controle mais eficiente é realizado com o uso contínuo de formicida granulado em pó.

Se não controladas, as formigas limitam o sucesso dos cultivos, sobretudo na fase inicial. Além disso, em qualquer fase da plantação, o nim não tolera competição com gramíneas. Portanto, o controle das plantas competidoras deve ser realizado sempre, seja por meio da capina, roçadas ou aplicação de herbicidas.

A decepa apical (corte no tronco principal a dois ou três metros do solo) favorece a produção de frutos em detrimento da formação de madeira. Normalmente, ela é feita dentro do segundo ou terceiro ano de vida da plantação e sua eficácia duradoura depende de que os espaçamentos sejam suficientemente largos.

É comum os frutos tornarem-se amarelos e maduros, ou seja, aptos para colheita, dentro de 75 dias após a abertura das flores. Em virtude disso, as árvores de nim apresentam, ao mesmo tempo, flores e frutos em diferentes estágios de desenvolvimento.

Portanto, caso não sejam colhidos, os frutos maduros ficarão no solo por muitos meses, já que eles permanecem pouco tempo nas árvores. As coletas podem ser realizadas a cada quinzena, mês ou mais espaçadamente, conforme as condições locais.

Hoje, nos plantios considerados bons, a produtividade de sementes secas com casca, com teor de umidade de 11%, adequado para moagem, é estimada em cinco quilos por árvore ao ano, ou 1.250 quilos por hectare ao ano, com uma densidade de 250 árvores por hectare.

A viabilidade econômica de plantações para produção de frutos do nim depende da existência de indústrias processadoras que os consumam. Por conseguinte, numa microrregião, é necessária uma superfície plantada mínima a fim de possibilitar toda a cadeia.

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