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domingo, 31 de janeiro de 2016

Segredos no cultivo das Rosas do deserto

Publicado em 14 de abril de 2015 por Sinval Braga 



As rosas do-deserto (Adenium spp) são plantas suculentas belíssimas, de caule escultural e floração exuberante, que vem encantando jardineiros no mundo todo. Mas elas têm seus segredinhos para encorpar o caule e as raízes, além disso, você pode estimular florações espetaculares com essas dicas.

Iluminação

As rosas do deserto são plantas exigentes em luz. Elas devem tomar pelo menos seis horas de sol por dia, caso contrário não florescem ou florescem pouco. Na falta de sol, também podem acontecer duas coisas: estiolamento (crescimento débil em comprimento) ou uma tendência em procurar luz, fazendo com que a planta fique torta para um só lado.

Temperatura

As Rosas do Deserto não gostam do frio. Em baixas temperaturas, seu metabolismo fica muito lento, dormente. Quando expostas ao frio, as folhas ficam amarelas e caem. Deixam de florescer, e se estiverem floridas as flores caem. Nestas condições, as regas devem ser bem espaçadas, até porque não vão aproveitar muito as irrigações. Uma estufa seria uma saída interessante para manter a planta em crescimento vegetativo em locais com inverno mais rigoroso, como no sul do Brasil e nas regiões serranas. 

Substrato


O substrato para Rosas do deserto é bem específico, mas fácil de fazer. Ele deve ser rico em potássio, fósforo e cálcio, leve e essencialmente bem drenável. No entanto, por ser um substrato drenável, é frequente a perda de nutrientes, que são constantemente lavados durante as regas e as chuvas, por isto adubações complementares são muito bem-vindas. O nitrogênio é um nutriente que deve ser usado com cautela, pois pode provocar um desenvolvimento excessivo na planta. 

As rosas do deserto (Adenium obesum) são nativas de regiões áridas e foram introduzidas no Brasil há pouco tempo, portanto elas permanecem ainda cheias de “mistérios” aos cultivadores. Como é uma planta que não suporta excesso de água, por se tratar de uma suculenta, ela necessita de um substrato específico; e mais importante que a fertilidade deste substrato, é sua capacidade de drenar a água.

Muitos usam areia grossa, funciona, mas o vaso fica muito pesado. A melhor mistura que encontrei, foi com o uso de carvão. O substrato fica leve, cumpre muito bem seu papel de drenar, melhora o desenvolvimento das raízes aerando o meio e é barato, muitas vezes até de graça para quem tem fornos a lenha, lareira, entre outros. Só devemos evitar o carvão que restou na churrasqueira, pelo excesso de sal que contém.

Para produzir este substrato, use composto orgânico, enriquecido com farinha de ossos, mais carvão moído (50% de composto orgânico + 50% de carvão moído). O composto orgânico contém os nutrientes essenciais às rosas do deserto, além de reter uma certa umidade, e o carvão moído deixará o substrato leve e aerado além de possuir boa porcentagem de potássio, um macro nutriente importante. Além disto, o carvão é resistente à decomposição, aumentando muito a durabilidade do substrato.


O composto orgânico poderá ser substituído por húmus de minhoca (vermicomposto) ou, com menos vantagem, esterco curtido. Já o carvão poderá ser substituído por casca de arroz carbonizada, ou também, com menos vantagem, por cascas de árvores. Usando cascas de arvores, a durabilidade do substrato diminui, pois não são tão resistentes à decomposição quanto o carvão.


Usando este substrato, realize as regas quando ele estiver seco, e adubações de cobertura a cada 40 dias, usando composto orgânico e farinha de ossos. Espero ter contribuído, pois as adeniuns, assim como grande parte das plantas da nossa flora, produzem lindas flores, além de um lindo caudex (caule modificado), que valoriza ainda mais o visual exótico da planta.

Podas


Não tenha medo de podar sua rosa do deserto. As podas são imprescindíveis para dar forma à planta e servem também para estimular as florações. Tenha cautela ao usar as podas para induzir o florescimento. Use como último recurso. Antes disso, melhore a adubação, dando mais atenção aos nutrientes citados acima. 

Para dar formato à planta, pode-se usar também recursos dos bonsaista, como “aramar” os galhos ou então usar fios de barbante para ancorá-los. Faça sempre cortes em bisel nos ramos, evitando assim o acúmulo de água nos ferimentos. O pó de canela tem sido usado com sucesso como cicatrizante nos cortes, prevenindo o aparecimento de doenças fúngicas. 

Propagação


A Rosa do Deserto pode ser propagada por sementes ou estacas. Se a opção for sementes, deixe-as de molho em água não clorada para se hidratarem. O tempo mínimo na água é de duas horas. Podem também ser plantadas sem este tratamento, mas neste caso o tempo para germinação aumentará em 2 a 3 dias.



Depois de hidratadas, plante em recipientes individuais e bem identificados. Estes recipientes podem ser copinhos de plásticos de 200 ml ou bandejas de isopor com células individuais. As bandejas de 128 células, facilmente encontradas em agropecuárias, são ideais. O tempo para as sementes germinarem varia de 2 a 4 dias. Durante este período, mantenha o substrato constantemente úmido. Quando todas estiverem germinadas reduza a irrigação para uma ou duas vezes por dia e, à medida que forem crescendo, a irrigação deve ser gradativamente espaçada. 


As mudinhas devem ficar sob sol pleno para irem se acostumando a esta condição de luminosidade. O momento para o transplante é quando a mudinha estiver com 3 pares de folhas definitivas. Depois de 6 a 8 meses de germinadas as pequenas plantas começam a florescer. 

Outra forma de propagá-las é por estacas. Aproveite as podas para fazer mudas por estaca, mas lembre-se que essas mudas não desenvolvem caudex como as originárias de semente.

Estaquia da rosa do deserto

Após uma poda, podemos aproveitar as estacas para ter uma nova planta, com flores idênticas às da planta mãe que deu origem às estacas. Trata-se da propagação assexuada ou propagação vegetativa, onde a parte retirada da planta tende a se regenerar. 


Mas é bom lembrar que as adeniuns propagadas por estacas não formam caudex, aquele tronco gordinho na base da planta, porém, podemos trabalhar as raízes e a parte aérea da planta, formando assim formas bastante interessantes, e muitas vezes até um pseudocaudex ou caudex falso.

Além disto, podemos também fazer enxertos e uniões de estacas, gerando assim uma planta que irá fornecer flores com diversas cores. Eu fiz um enxerto (fenda) e logo que o enxerto “pegou”, cortei o galho e coloquei para enraizar. Enraizou, plantei num vaso e esta estaca vai produzir flores amarelas (parte enxertada) e vermelha (brotação da estaca).

Para enraizar uma estaca de adenium o melhor substrato é a areia grossa de rio. Coloque a areia num copo de refrigerante, e escolha uma estaca de uma planta sadia. Coloque a estaca na areia, e mantenha esta areia úmida. Atente que o excesso de água, ou encharcamento, resulta no apodrecimento da estaca. Já a falta de umidade pode abortar o enraizamento, e logo esta estaca irá desidratar e morrer. Assim, a areia deverá estar sempre levemente úmida, o suficiente para não apodrecer a estaca e estimular seu enraizamento.

Caso pretenda manter a estaca mais tempo no copo, deverá ser acrescentado na areia o composto orgânico ou húmus de minhoca, na proporção de uma parte de composto ou húmus para três partes de areia.

Como fazer seu próprio biofertilizante

O biofertilizante é um dos fertilizantes mais completos para uso tanto em jardinagem como em plantas ornamentais, aromáticas, hortaliças, folhagens, etc. Também é utilizado há muito tempo como um repelente natural que, ao invés de matar os insetos, os repele, deixando as plantas livres de pragas. 


É usado também no tratamento de sementes, prevenindo o ataque de pragas e doenças e fornecendo o fertilizante inicial para a planta em formação. Para utilizar em sementes, basta deixá-las de molho por 4 a 5 minutos, e depois colocá-las para secar à sombra. As sementes assim tratadas, deverão ser plantadas imediatamente, pois após um período, perdem seu poder germinativo.

Em propagações vegetativas, como em estaquias, alporquias, mergulhias, etc. também se pode fazer uso do biofertilizante. Em estacas, por exemplo, pode ser utilizada a mesma técnica descrita para sementes.



O melhor uso deste excelente produto se obtém através da pulverização. Desta forma podemos antecipar e prolongar floradas, podemos ter mais de uma florada por ciclo, prevenir o ataque de pragas, além de deixar as plantas mais vistosas e saudáveis. A pulverização deverá ser sempre feita à tarde, e após uma farta irrigação, para não causar estresse hídrico às plantas pois, apesar de natural, é um produto concentrado.

Passo a passo do biofertilizante

Uma bombona grande é ideal para a produção do biofertilizante. O biofertilizante é simples de se fazer. Em um recipiente, que pode ser um garrafão d’água de 20 litros, ou uma bombona de 50 até 200 litros, coloque 50% de esterco bovino fresco, adicione mais 50% de água não clorada. 


Esta água não clorada, pode ser de fontes, poços, ou água de chuva. Outra maneira de obtê-la é utilizando a água comum da torneira, deixando-a descansar destampada por pelo menos 24 horas. O cloro é muito volátil e evapora totalmente após este período.

Misture bem o esterco com a água, e deixe fermentar naturalmente. Este recipiente deve ser hermeticamente fechado, pois caso haja alguma entrada de ar, o oxigênio interromperá o processo anaeróbico envolvido na produção deste fertilizante. 

No processo de fermentação, se formará gás metano, o que pode acumular e provocar explosão. Assim, use uma mangueirinha na tampa do recipiente (garrafão ou bombona). A ponta desta mangueirinha deve ficar dentro de uma garrafa (pet) com água. A finalidade da mangueirinha é deixar escapar o gás metano, sem deixar entrar para o recipiente o oxigênio. Trata-se de um “selo d’água”, ou válvula de alívio. Para proteger o meio ambiente.

Após 30 dias, o biofertilizante estará pronto para uso. Se a opção for pulverizar as plantas, o produto deverá ser coado, evitando assim o entupimento do bico do pulverizador. As pulverizações deverão ser feitas a cada 8 ou 10 dias, dependendo da necessidade das plantas.

O biofertilizante poderá também ser usado na irrigação das plantas. Os intervalos são os mesmos, ou seja, a cada 8 a 10 dias. A concentração ideal é de 25 a 30% de biofertilizante para 70 a 75% de água. Então, para cada 10 litros de água, use 2,5 a 3 litros do biofertilizante.

Também pode ser utilizado puro, sem diluir, na terra dos vasos por exemplo. Fazendo assim e deixando de 4 a 5 dias descansando antes de plantar, o biofertilizante elimina as bactérias e fungos nocivos que por ventura possam estar contaminando o substrato, além é claro, de enriquecê-lo com nutrientes para as plantas.

Apesar de todas estas vantagens, o uso do biofertilizante não dispensa as adubações normais necessárias às plantas. Ele é um importante coadjuvante na promoção e na manutenção da saúde das plantas, mas para resultados excelentes, ele deve ser utilizado juntamente com boas práticas de manejo, como uma boa irrigação, iluminação, fertilização, e todos os cuidados de que necessitam as plantas.

As estacas transformam-se em plantas geneticamente idênticas a mãe, ou seja, são clones. É uma maneira de preservar materiais genéticos, como por exemplo uma planta de flor roxa, ou amarela com listras rosas, etc. Além das flores e da beleza de uma estaca bem conduzida, você terá material para uma enxertia numa planta propagada por sementes (propagação sexuada), e também para novas plantas via estaca (propagação assexuada).

Adaptação

Se você comprou sua planta num viveiro ou supermercado, é normal as folhas e flores caírem, não se preocupe. As folhas vão amarelar e cair, assim como as flores. Isto é normal, pois elas mudaram drasticamente de ambiente. Não faça transplante e nem adube até que sua planta esteja totalmente adaptada ao novo local, demonstrando crescimento.

Irrigação

Uma das formas de saber se sua planta está com sede é apertando o caudex (caule) de leve. Se estiver murcho, isso significa que a planta está desidratada. Neste caso, faça uma boa irrigação, mas sem encharcar e verifique constantemente o substrato. Caudex murcho, pode também ser podridão. Quando apertar o caudex, e verificar que está murcho, aperte outra parte do caudex. Se também estiver murcho, é quase certo que sua planta está realmente desidratada. Caso contrário pode ser podridão.

Podridão

Se sua rosa do deserto estiver podre, não se desespere, muitas vezes há salvação. Limpe todas as raízes, ficando assim com as raízes nuas. Com uma colher, elimine toda parte lesionada (podre) e pendure a planta num local com sombra. Deixe a planta nestas condições (pendurada) até que cicatrize toda ferida aberta. Isto levará no mínimo uns 5 ou 6 dias. Depois, replante com um novo substrato. Deixe a planta mais uns 3 a 4 dias na sombra, depois leve-a gradativamente a pleno sol. Nestas condições, também poderá haver perda de folhas.

É bem provável que depois desta operação o caudex fique com um buraco. Este buraco será para sempre. Mas você poderá disfarça-lo usando um cacto, uma pedra ou uma suculenta para tampar.

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