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sábado, 29 de abril de 2017

Inhame e Cará quem é quem?

Inhame e Cará são tubérculos com aparência muito semelhantes, ricas em amido e vitaminas do grupo B que otimizam seu potencial energético, de fácil digestão e apresentam inúmeras variedades, porém há diferenças quanto à presença de fito químicos e propriedades terapêuticas e culinárias.

Inhame e cara possuem propriedades terapêuticas que fazem parte da farmacopeia chinesa e ayurvedica. No Brasil temos registro de prescrições por médicos naturopatas e uso medicinal em comunidades de descendentes africanos.

O uso culinário é diversificado, dependendo do tipo, podem ser usados em sopas, refogados, sucos, purês e até sobremesas.

Nutrientes: carboidrato; lipídios; proteínas, minerais, cálcio, ferro, fósforo, potássio e sódio; Vitaminas: A, B1, B2, niacina e outras.

Propriedades medicinais: Anti-inflamatória, diurética, energética e mineralizante, tônico do sistema imunológico, reduz edema reumático (uso externo cru).

Ficou estabelecido que os órgãos governamentais, universidades, empresas de pesquisas e de extensão rural, Sociedade de Olericultura do Brasil e demais entidades ligadas ao setor agrícola, oficializem e divulguem, no âmbito técnico-científico nacional, a nova nomenclatura, onde “inhame” (Colocasia esculenta) passa a ter a denominação definitiva de “taro” e as Dioscoreáceas (Dioscorea spp.), chamadas popularmente no norte/nordeste brasileiro de “carás” e “inhames”, passam a ter a denominação definitiva de “inhame”. As espécies de “carás” cultivadas, serão consideradas como variedades de inhame.

Taro




Classificação científica

Reino: Plantae

Divisão: Magnoliophyta

Classe: Liliopsida

Ordem: Alismatales

Família: Araceae

Género: Colocasia

Espécie: Colocasia esculenta

Nome binomial: Colocasia esculenta (L.) Schott

O taro é uma cultura muito expandida nas zonas tropicais e subtropicais de todo o mundo, sendo produzidos anualmente cerca de 9,2 milhões de toneladas de cormos comestíveis, em especial na África Ocidental e na Polinésia, regiões onde assume uma particular importância como base alimentar de algumas populações.

Devido a semelhança de cultivos e do uso culinário, em muitas regiões do Brasil há confusão entre o taro, planta do gênero Colocasia, o inhame, do gênero Dioscorea, e o cará, planta do gênero Alocasia e a Xanthosoma da família Araceae. 

Nas regiões brasileiras com imigrantes japoneses, o taro também é conhecido pelo nome japonês sato-imo (里芋).

O mangará ou taioba, nomes comuns da espécie Xanthosoma sagittifolium que produz rizomas comestíveis, também pode ser chamado inapropriadamente ou confundido com o taro.

Nos Açores, o taro é sempre chamado de inhame ou inhame-coco, daí também ser também conhecido em outras regiões como Inhame dos Açores. 

Na ilha de São Jorge e em algumas zonas da ilha do Faial, é chamado simplesmente de coco. A cultura do taro é comum nos Açores, onde constitui a base de alguns dos pratos tradicionais ou serve de acompanhamento para torresmos, enchidos fumados e outros preparados de carne de porco. 

Na ilha de São Jorge, em particular nas fajãs do concelho da Calheta, o taro constituía a base da alimentação de parte importante da população. 

Sua importância era tal que o taro (inhame ou coco) está representado na heráldica concelhia e os seus habitantes eram, algo depreciativamente, conhecidos por inhameiros. 

Em finais do século XVII uma tentativa de alteração das regras de cobrança do dízimo sobre o taro levou a um levantamento popular conhecido como a Revolta dos inhames, o qual foi somente debelado após envio de tropas à ilha. 

Nas margens das ribeiras, o melhor terreno para produção do taro, o valor da propriedade era tal que levou ao registro predial de parcelas com menos de uma dezena de metros quadrados.

A Colocasia esculenta é uma planta herbácea vivaz, caracterizada pelo seu rizoma tuberoso, que forma um cormo de aspeto escamoso e de grossura variável, de onde nascem em roseta, na extremidade de longos pecíolos, grandes folhas peltadas que podem atingir 70 cm de comprimento por 60 cm de largura. O limbo é cordiforme ou ligeiramente sagitado, de cor verde mais ou menos carregado.

A dimensão, cor e brilho das folhas dão à planta um interessante aspecto decorativo, o que a torna popular como planta ornamental de interior, recebendo então o nome comum de orelha-de-elefante.

Os pecíolos podem ser verdes ou violáceos, com a coloração arroxeada mais patente em situações de secura e grande exposição à radiação solar, terminando numa bainha curta e imbricada na base.

A inflorescência é uma espádice cilíndrica, com a conformação típica das Araceae, envolvida por uma longa espata. As flores femininas ocupam a base da espádice, com as flores masculinas agrupando-se em torno do topo. A espádice termina por um apêndice acuminado, em geral rosado.

A espata é estreita, enrolando para formar um corneto longo, ligeiramente recurvo no topo.

Os frutos são pequenas bagas uniloculares.

Os cormos tem casca espessa e rugosa, de cor castanho a quase negro, sendo rodeados por um espesso revestimento fibroso, facilmente removível aquando da colheita. 

Resultam do espessamento subterrâneo do rizoma, podendo atingir, quando a água seja abundante e o solo solto, grandes dimensões (70 cm -1,5 m de cumprimento e mais de 15 kg de peso).

O interior do cormo é farinhoso, apresentando uma cor que varia do branco ao rosado, ganhando, quando cortado e exporto ao ar, uma cor azulada. 

Após a cozedura a superfície exposta ao ar enegrece rapidamente por oxidação. Em fresco, quando cortado exsuda uma seiva viscosa e irritante para a pele e mucosas, devido aos ráfides de oxalato de cálcio que contém.

A planta parece ser originária da Ásia, provavelmente da Índia, mas expandiu-se em tempos pré-históricos por toda a Oceânia e por partes da América Central. 

Foi introduzida muito tardiamente em África. Atualmente é cultivada em todas as regiões tropicais e subtropicais húmidas, sendo provavelmente uma das primeiras plantas em entrar em cultivo.

A multiplicação do taro faz-se por divisão do tubérculo, conservando pelo menos uma gema em cada fragmento. A reprodução por sementes é difícil, tanto mais que a planta raramente produz flor em boa parte das regiões onde é cultivada, em particular nas regiões subtropicais e temperadas.

Em cultura a planta desenvolve-se melhor em lugares húmidos de solos lodosos, sendo comum a sua cultura nas margens de cursos de água e em locais inundáveis. 

Suporta bem o ensombramento, podendo ser cultivada no sub-bosque ou em zonas ravinosas.

O taro cultivado em zonas inundadas (chamados inhames-de-água) são maiores e de textura menos fibrosa. Quando cultivados em regiões mais secas, a planta prefere solos profundos e leves. 

A planta não cresce e entra em rápido emurchecimento foliar quando a humidade do solo é baixa, mesmo que por períodos curtos.

Pode ser cultivada facilmente em associação como outras plantas, como o inhame-verdadeiro e o milho.

A plantação deve ser feita no início da época húmida, durando o ciclo vegetativo de 8 a 18 meses, dependendo da fertilidade do solo e da abundância de água.

A colheita pode iniciar-se logo que as primeiras folhas degenerem, o que ocorre 6-7 meses após o plantio. Dada a dificuldade de manter o taro em armazenamento, a colheita é feita para consumo em fresco, prosseguindo à medida das necessidades de utilização.

O taro é muito apreciado na África Ocidental, na China, na Polinésia, nas ilhas do Oceano Índico e nas Antilhas. De acordo com a FAO (2002), a produção mundial de taro ultrapassou os 9,2 milhões de toneladas, sendo os principais produtores a Nigéria, o Gana, a China e a Costa do Marfim.

O tubérculo é rico em amidos, os quais representam de 30%-33% do seu peso seco, mas pobre em proteínas (1%-2% do peso seco) e em lípidos. São uma boa fonte de fibra dietética, vitamina B6 e manganês.

Em fresco é amargo e irritante devido à presença de numerosos ráfides de oxalato de cálcio, os quais apenas são destruídos por cozedura prolongada. 

Por essa razão, a ingestão de taro mal cozido pode levar a severos problemas gastrointestinais dada a presença dos ráfides e de compostos irritantes na seiva não processada.

Em geral os cormos têm uma utilização culinária semelhante à da batata, podendo também servir de base a sobremesas doces. 

A forma mais comum de consumo dos cormos é a sua utilização cozidos em água, fritos em óleo de palma (na África ocidental) ou em óleo de amendoim (Gana e Polinésia) ou assados sobre a brasa.

As folhas tenras também são comestíveis depois de bem cozidas para eliminação dos ráfides que também contém. Outra utilização das folhas é na feitura de bases de cozedura na panificação tradicional.

As folhas do taro são ricas em vitaminas e em sais minerais de interesse dietético. São uma boa fonte de tiamina, riboflavina, ferro, fósforo e zinco. São ainda uma excelente fonte de vitamina B6, vitamina C, niacina, potássio, cobre e manganês.

Para além dos cormos e das folhas, também os turiões jovens e as flores podem ser cozinhados e utilizados de forma muito semelhante à dos espinafres.

A presença de oxalato de cálcio no taro torna o seu consumo contra-indicado para quem sofra de gota, cálculos renais ou artrite.

O tubérculo, uma vez desenterrado, conserva-se mal, devendo ser consumido em poucas semanas. Esta dificuldade de armazenamento, e por consequência de transporte, faz com que o taro seja na sua maior parte utilizado diretamente pelos produtores, sendo assim uma cultura essencialmente vocacionada para o auto-consumo familiar.

Atualmente o Brasil desponta como um dos grandes exportadores desta raiz. O estado que mais produz taro no Brasil é Espírito Santo, com especial atenção ao Município de Santa Leopoldina, maior exportador daquele país.

Cará




O cará, de nome científico Dioscorea alata L., é um tubérculo de origem africana, mais especificamente das ilhas de Cabo Verde e São Tomé, sendo bastante confundido com o inhame. 

O tubérculo foi trazido ao Brasil pelos escravos africanos, se adaptou muito bem ao clima do nosso país e foi classificado pela primeira vez nos escritos do padre José de Anchieta. 

O cará se apresenta de tamanhos e formatos diferentes, atingindo de 500 gramas a 3 quilos e o seu período de safra vai de março a agosto.

O cará é um alimento rico em carboidratos, sendo um alimento altamente energético. Contém uma grande quantidade de vitaminas do Complexo B – B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina), B5 (Niacina), B6 (Piridoxina) e é rico em fibras solúveis. 

Os nutrientes encontrados no cará fortificam os nervos; estimulam o apetite e o crescimento; e auxilia no processo digestivo.

O cará é consumido na forma cozida, como ingrediente que substitui a batata-inglesa. Também é utilizado na fabricação de pães, bolos, cremes, biscoitos, etc.

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