Origem: Florida, Estados Unidos
O citrumelo Swingle é um híbrido obtido na Florida em 1907
pelo cientista W. T. Swingle, que polinizou flores de pomelo 'Duncan' (Citrus
paradisi) com pólen de flores de trifoliata (Poncirus trifoliata).
O objetivo inicial era transferir a resistência a geadas dos
trifoliatas para os pomelos, muito suscetíveis ao frio na Florida. Sua
denominação inicial era CPB 4475 e sua fruta não apresentou qualquer qualidade
para consumo humano.
Nos anos 40, entretanto, este citrumelo começou a ser
testado como porta-enxerto para variedades comerciais de citros. Pouco depois,
ele foi introduzido no Brasil juntamente com muitas outras variedades cítricas
num programa de seleção de porta-enxertos resistentes à Tristeza, doença que
havia dizimado nossa citricultura na época.
Desde então, o citrumelo CPB 4475 despontou em diversos
experimentos em praticamente todas as regiões citrícolas mundiais como um ótimo
porta-enxerto alternativo para o uso de trifoliata e seus híbridos citranges
Carrizo e Troyer, muito comuns fora do Brasil. Recebeu assim o nome de Swingle,
em homenagem ao seu criador.
A principal característica de Swingle é substituir com
vantagens os porta-enxertos de trifoliata, e citranges Carrizo e Troyer. Sua
resistência à Gomose (Phytophthora spp), ao Nematóide dos Citros (Tylenchulus
semipenetrans), e ao frio é igual ou superior à dos porta-enxertos
substituídos.
Além disso, tem mostrado até o momento uma tolerância
superior ao Declínio dos citros. A qualidade das laranjas (Citrus sinensis)
produzidas em Swingle é ótima, com altos índices de açucares, sabor excelente
para o consumo como fruta fresca, e alto rendimento industrial na extração de
suco.
Em anos de alta produtividade, laranjeiras em Swingle exigem
adubações mais pesadas de potássio para alcançar frutos com tamanhos similares
aos dos produzidos em limão Cravo.
O crescimento das laranjeiras enxertadas em Swingle é mais
vigoroso do que o daquelas enxertadas em trifoliata e similar ao das enxertadas
nos citranges. É menor, no entanto, do que o das plantas em porta-enxertos de
limão Cravo ou tangerina Cleópatra, o que propicia custos menores de
pulverização e de outros tratos culturais.
Como sobrevivem melhor a diversas doenças importantes,
plantas em Swingle acabam se desenvolvendo em árvores de grande porte. Mesmo
assim, são plantadas em espaçamentos menores do que aquelas sobre os
porta-enxertos vigorosos, resultando numa densidade maior de plantas, e numa
boa produção por hectare plantado.
Com o tempo, entretanto, tomam todo o espaçamento a elas
oferecido, sendo muito provável a necessidade de podas nas ruas de plantio para
permitir a operação de máquinas. Isto, no entanto, é resultado de sua
longevidade, e, portanto, compensado pelo que se economiza com replantas dentro
do talhão, ou com o precoce replantio total da área.
A principal utilização do Swingle como porta-enxerto advém
de sua resistência a doenças, principalmente a Morte Subita dos Citros. Locais
onde a incidência de Gomose é elevada podem usualmente ser plantados ou
replantados com Swingle.
É o caso de áreas com solos que permanecem mais úmidos por
períodos prolongados. Como todos os citros, Swingle não tolera alagamentos.
Sobrevive, no entanto, a curtos períodos de inundação (alguns dias por ano) e a
solos mais úmidos da mesma forma que os trifoliatas, portanto bem melhor que o
limão Cravo ou a Cleópatra.
Também é indicado no caso de replantas ou substituição de
pomares quando a incidência de Gomose, Nematóides, ou Declínio é alta, ou na
prevenção de Morte Súbita.
Uma limitação para o uso do citrumelo Swingle é sua
incompatibilidade com diversas variedades comerciais. Já foram documentados
problemas com a laranja Pera, principal variedade da citricultura paulista, com
a Murcott (considerada um híbrido de tangerina, Citrus reticulata), com alguns
limões verdadeiros (Citrus limon), e com a laranja Roble (Florida, EU).
Sua utilização com estas copas, portanto, não é recomendada.
Variedades comerciais como Hamlin, Bahia, Valencia, Natal, e Ponkan, por outro
lado, tem sido propagadas em Swingle há mais de 30 anos com sucesso.
A incompatibilidade, no entanto, pode ser contornada através
do uso de um interenxerto entre a copa desejada e o cavalo. Mudas de laranja
Pera, por exemplo, enxertadas em brotos de laranja Hamlin ou Valência
previamente enxertadas em Swingle são viáveis e produzidas comercialmente.
Plantas enxertadas em Swingle são bastante sensíveis à seca,
comportamento semelhante ao do trifoliata e seus híbridos como porta-enxertos,
e contrário ao do limão Cravo, altamente resistente.
Ocorre, entretanto, que as plantas em Swingle têm reagido
muito bem após o período de seca, recuperando rapidamente sua vegetação e
emitindo fortes floradas, com ótimo pegamento de frutos.
Por isso sua aceitação tem sido excelente, especialmente como
alternativa ao trifoliata e seus híbridos. Obviamente, pomares irrigados são os
que mais se beneficiam da possibilidade de diversificação de porta-enxertos,
transformando o citrumelo Swingle numa ótima alternativa até mesmo para o limão
Cravo, em função da sua resistência a doenças e longevidade.
Com relação aos vírus, viróides e afins, pode-se afirmar que
o Swingle é resistente à Tristeza e, como descendente de trifoliata,
provavelmente susceptível ao Exocortis.
Na formação de mudas, o citrumelo Swingle apresenta maiores
dificuldades do que os porta-enxertos vigorosos como o limão Cravo e a
Cleópatra, mas bem menores, no entanto, do que as apresentadas pelo trifoliata.
Sua produção como plantas produtoras de sementes é
excelente. As sementes são poliembriônicas e a proporção de híbridos e
variações genéticas nas sementeiras é bem menor que a do limão Cravo.
As plantas jovens de Swingle são muito sensíveis a
deficiências nutricionais, especialmente durante o período seco e frio do ano,
apresentando constantemente a morte do broto apical após um período de
crescimento rápido e vigoroso.
A causa exata deste problema, observado também em outros
países, ainda não foi definida, mas nenhum microorganismo foi isolado de
tecidos lesionados e doenças foram descartadas.
Parece ser um problema fisiológico, relacionado à
incapacidade da planta em manter a nutrição adequada do broto apical em
vigoroso desenvolvimento durante épocas frias e de menor umidade do solo,
talvez por redução nas taxas de translocação de nutrientes.
Entretanto, após a interrupção do crescimento e
amadurecimento da parte remanescente do broto apical, uma ou mais gemas
laterais se desenvolvem normalmente, com muito vigor, e o problema, em termos
práticos, não chega a afetar a produção de mudas em Swingle.
Observa-se problema semelhante em outros híbridos de
trifoliata. O próprio trifoliata apresenta constantemente uma perda quase total
de clorofila nos brotos apicais em condições semelhantes.
Ao contrário do limão Cravo, a enxertia durante o inverno
pode ser dificultada por redução no fluxo de seiva, o que causa a casca presa
na madeira do tronco, impedindo a inserção das gemas dos enxertos. Normalmente
a muda cítrica requer um período de cerca de 30 dias a mais para ser produzida
em Swingle do que em limão Cravo.
Citrumelo or
Citromelo (X Citroncirus spp.) is also called Swingle citrumelo trifoliate
hybrid, because it is a cold hardy citrus hybrid between a 'Duncan' grapefruit
and a trifoliate orange (Poncirus trifoliata (L.) Raf.), developed by Walter
Tennyson Swingle.
Citrumelo is
widely employed as a citrus rootstock, being resistant to the severe citrus
tristeza virus and to the Phytophthora foot rot as well as to blight, cold, and
citrus nematode.
Trifoliate
orange, according to Swingle, belongs to a citrus related genera, called
Poncirus, while grapefruit equivocally belongs to the genus citrus, hence the
botanical name X citroncirus is a hybrid genus, derived from citrus and
poncirus.
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