Autor: Gisele Ribeiro
Hoje em dia, poucas pessoas podem se dar ao luxo de ir até o quintal e colher verduras, legumes e ervas na hora do preparo das refeições. Nas grandes cidades, o jeito é recorrer aos produtos de supermercados e feiras. Mas o que fazer se você quiser ter sempre à mão temperos frescos para dar um sabor especial ao prato?
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Cachepô com ervas aromáticas
Quem gosta de cozinhar sabe bem que a quantidade e o preço de macinhos e vasinhos de ervas aromáticas nem sempre corresponde às necessidades. Um vasinho comprado em supermercado, por exemplo, custa cerca de R$ 4 e mal dá para uma refeição, e os macinhos da feira, em torno de R$ 2, são grandes demais e podem acabar estragando na geladeira.
Então, que tal ter em casa uma hortinha de temperos? É mais simples do que você imagina, e não é preciso reservar espaços muito grandes. Qualquer cantinho, desde que arejado e com alguma incidência de sol, funciona bem: pode ser varanda, cobertura, terraço, quintal, área de serviço ou até aquele corredor lateral externo que acomoda bicicletas ou jardineiras abandonadas. É só comprar os equipamentos e as mudas de ervas e colocar mãos à obra.
Nas próximas páginas você vai conhecer os materiais necessários para montar sua própria horta e como fazer o plantio das mudas. Também terá um guia rápido das ervas mais usadas na culinária e uma seleção de links e livros para aumentar seus conhecimentos sobre ervas aromáticas.
Não é preciso ter um arsenal para montar uma horta. Você pode comprar equipamentos e acessórios, mudas e insumos em grandes supermercados ou em lojas de jardinagem. Você vai precisar de:
1- Uma jardineira, vaso ou cachepô com pelo menos 20 cm de profundidade. Uma jardineira de 20 cm x 60 cm, por exemplo, acomoda 12 mudas. Pode ser de plástico, de argila, de cerâmica, de metal, de cerâmica ou de vidro.
2- Cascas de pinus, de bambu ou pedriscos
3- Regador
4- Terra orgânica adubada
5- Húmus de minhoca ou composto orgânico com húmus de minhoca
6- Areia ou manta para drenagem
7- Argila expandida
8- Pá, rastelo e arrancador de inço
9- Mudas orgânicas de suas ervas prediletas (elas vêm vasinhos de plástico mole ou duro)
10- Plaquinhas de identificação, se desejar
Na próxima página você aprenderá a montar seu vaso de temperos.
Agora que você já tem os equipamentos e insumos necessários para sua hortinha, está na hora de colocar a mão na massa. É importante não pular nenhuma das etapas descritas abaixo.
1- Veja se seu vaso ou jardineira já tem furos para escoar a água (alguns modelos já vêm com vários). Se não tiver, com um prego e um martelo, faça furos no fundo para o escoamento da água. Quanto maior o vaso ou jardineira, mais furos devem ser feitos. Dependendo do material do recipiente, você precisará de uma furadeira.
2- Coloque uma camada generosa de argila expandida, cobrindo o fundo do vaso para garantir a drenagem
3- Cubra a argila com uma camada de areia, usando a pá deixá-la o mais uniforme possível, ou com a manta de drenagem
4- Misture a terra adubada e o húmus de minhoca e quebre com as mãos eventuais caroços, deixando a mistura bem fofa
5- Despeje a mistura de terra e húmus na jardineira ou no vaso, tomando cuidado para não estragar as camadas de baixo (areia, argila a cacos de telha) e para não encher demais o recipiente
6- Disponha as mudas na jardineira para ter uma noção do espaço que elas vão ocupar
7- Na camada de terra, faça uma cova para cada muda a ser plantada
8- Retire as mudas do vasinho em que elas vieram com a ajuda do arrancador de inço, tomando cuidado para preservar o torrão
9- Inicie o plantio das mudas:
Na camada de terra, faça uma cova para cada muda a ser plantada.
Delicadamente retire o excesso de terra do torrão e deposite-o na cova, usando o separador de inço para prensar a terra. Os torrões não devem nunca ficar soltos na terra.
Seja lógico: Agrupe as ervas de mesmo tipo para facilitar a colheita
Seja cuidadoso: Coloque no mesmo vaso as ervas de mesma afinidade (solo, luminosidade, quantidade de água - veja tabela de afinidades na página seguinte)
Continue esse processo até preencher a jardineira ou o vaso com as mudas escolhidas
Complete a jardineira com a mistura de terra
10- Ajeite as cascas de pinus sobre a terra. Elas garantem a umidade, dão um belo efeito visual e evitam a proliferação de ervas daninhas.
11- Regue bem as ervas com água e, se desejar, coloque as plaquinhas indicativas em cada um dos pezinhos de ervas.
Dependendo do espaço disponível você pode fazer vários vasos ou jardineiras, cada um com uma erva diferente. Na página seguinte, saiba quais são as ervas aromáticas mais comuns nas hortas domésticas e em que tipos de prato elas são usadas.
Alecrim, salsinha, sálvia, tomilho, manjericão, majerona, orégano... Estas são apenas algumas das ervas que você pode ter em casa e usar sempre que quiser preparar um prato especial. A tabela de cores representa a afinidade de cada uma das ervas descritas no guia abaixo:
Alecrim
Nome científico: Rosmarinum officinalis
Uso culinário: de sabor fresco e doce, é recomendado no preparo de carnes, principalmente porco e carneiro, e de batatas e manteigas aromatizadas. Seus raminhos podem ser usados na decoração.
Curiosidades: originário do mediterrâneo, o alecrim é símbolo da fertilidade e, na Idade Média, era usado para purificar o quarto de doentes. Como seu odor é estimulante, os estudantes gregos usavam ramos nos cabelos para alertar a memória durante os exames.
Dicas: erva de ciclo perene, o alecrim gosta de ambientes muito iluminados e de solo com granulação arenosa
Endro ou Dill
Nome científico: Anethum graveolens
Uso culinário: de sabor suave e agradável, o dill é usado em arroz, sopas, saladas e peixes na forma de folhas frescas ou de sementes. Nos países escandinavos, o endro tem a mesma importância que o orégano na culinária italiana.
Curiosidades: o endro é originário do Egito, mas foi amplamente usada pelos antigos romanos. Os gladiadores costumavas usar a erva em sua alimentação por acreditarem que ela aumentava a força física. A erva era tão valorizada na antiguidade que os hebreus pagavam o dízimo religioso com o endro.
Dicas: esta erva não deve ser plantada próxima à erva-doce. Deixe-a sempre em local iluminado.
Manjerona
Nome científico: Origanum majorana
Uso culinário: muito popular nas cozinhas grega e italiana, a manjerona é usada no preparo de carnes, sopas, molhos de tomate e pizzas, e no tempero de óleos e vinagres. Batatas, pratos com queijo e omeletes ganham um toque especial com esta erva.
Curiosidades: uma das ervas favoritas de Afrodite, a deusa do amor, a manjerona simboliza a felicidade. Por isso é conhecida como a erva do amor eterno e usada em enfeitos por noivos e amantes.
Dicas: esta erva exige espaço para crescer. Deixe pelo menos 20 cm de espaçamento entre a manjerona e outras ervas.
Orégano
Nome científico: Origanum vulgare
Uso culinário: de sabor forte e aromático, o orégano combina bem com tomate fresco, molhos à base de tomate, omeletes, assados e pratos de queijo. A erva fresca dá aos pratos um sabor completamente diferente da versão desidratada, que tem seu amargor mais acentuado.
Curiosidades: e foi esse sabor característico que fez Hipócrates, na Grécia Antiga, dar à erva o nome Origanum (erva amarga). Os gregos, por sinal, usavam o orégano muito mais em receitas de óleos pós-banho do que na culinária.
Dicas: de ciclo perene e porte rasteiro, o manjericão pode ser usado como forração junto a ervas de maior porte, como alecriam e manjericão.
Sálvia
Nome científico: Salvia officinalis
Uso culinário: de folhas aveludadas, sabor delicado e aroma de cânfora, a sálvia é muita usada nas cozinhas alemã e escandináva no preparo de salsichas e carnes ricas em gordura. Nas outras cozinhas, a erva dá um toque especial a pães, molhos, carnes bovina e suína, aves, peixes, carneiro e caças, quebrando o sabor adocicado de algumas carnes.
Curiosidades: a sálvia possui grande capacidade terapêutica, daí o nome recebido (salvare, que significa salvar) e o ditado: “Quem pode adoecer quando possui um pé de sálvia plantado na horta?”.
Dicas: na culinária, use a erva com moderação, para que o prato não fique com um sabor amargo.
Tomilho
Nome científico: Thymus vulgaris
Uso culinário: de sabor e aroma deliciosos, o tomilho combina com ensopados, marinadas e molhos à base de vinho. É parte essencial do famoso Herbes de Provence, tempero francês com várias ervas.
Curiosidades: na Grécia antiga, o tomilho era usado para estimular os guerreiros, dando-lhes coragem antes das batalhas. No antigo Egito, a erva era usada no processo de embalsamamento dos corpos.
Dicas: o tomilho cresce bem em solo neutro ou levemente alcalino e em locais com bastante sol e pouca água. Pode ser usado nas bordas de canteiros de ervas como sálvia, alecrim, lavanda e segurelha.
Cebolinha
Nome científico: Anthriscus cerefolium
Uso culinário: de aroma delicado, que lembra levemente mirra, essa erva originária do mediterrâneo é usada em pratos com molho: omeletes, saladas, vinagretes, sopas e carnes assadas. Acrescente-a ao prato no último instante.
Curiosidades: o cerofólio é conhecido na Europa como folha da alegria.
Dicas: De ciclo anual, o cerofólio deve ser plantado em solo com granulação média e bastante adubado, mas em local com sombra. Em jardins de ervas, deve ser cultivado à sombra de outras plantas de maior porte, como melissa e alecrim. Na colheita, corte os talos maiores do cerofólio na base.
Coentro
Nome científico: Coriandrum sativum
Uso culinário: erva de sabor marcante, é muito usada nas cozinhas do Norte e e do Nordeste brasileiros. Combina com pratos de frutos do mar e caldos de peixe, embora seja ingrediente essencial no molho curry, usado na cozinha indiana para dar sabor a frangos e carnes.
Curiosidades: originário da África, o coentro ganhou esse nome devido ao aroma que os frutos verdes apresentam, muito parecido com o dos percevejos ou koriandrum, em grego. Conta-se que as “bruxas”da Idade Média usam a erva na fabricação de poções mágicas afrodisíacas.
Dicas: De ciclo anual, o coentro deve ser colhido pelas extremidades superiores, o que favorece a produção de folhas novas. Vai bem em ambiente com boa luminosidade e em solo de granulação média.
Hortelã
Nome científico: Mentha spp
Uso culinário: Uso culinário: erva perfumada e aromática muito usada no preparo de chás, assados e grelhados, a hortelã é a base condimentar da cozinha árabe, estando presente em quase todas as receitas
Curiosidades: Conta a mitologia grega que o deus Hades apaixonou-se pela ninfa Menta, mas sua mulher, Perséfone, sentiu-se traída e transformou a ninfa em uma planta, condenando-a a vegetar nas sombras das cavernas –ou na entrada do reino dos mortos.
Dicas: plante a hortelã em solo argiloso, com bastante água e em local com sombra e luz indireta. Na hora de consumir, colha as pontas em crescimento, estimulando os brotos laterais.
Cerefólio
Nome científico: Anthriscus cerefolium
Uso culinário: de aroma delicado, que lembra levemente mirra, essa erva originária do mediterrâneo é usada em pratos com molho: omeletes, saladas, vinagretes, sopas e carnes assadas. Acrescente-a ao prato no último instante.
Curiosidades: o cerefólio é conhecido na Europa como folha da alegria.
Dicas: De ciclo anual, o cerefólio deve ser plantado em solo com granulação média e bastante adubado, mas em local com sombra. Em jardins de ervas, deve ser cultivado à sombra de outras plantas de maior porte, como melissa e alecrim. Na colheita, corte os talos maiores do cerofólio na base.
Estragão
Nome científico: Artemisia dracunculus
Uso culinário: de sabor acentuado, esta erva é excelente no preparo de vinagretes, saladas, peixes, omeletes e molhos, principalmente béarnaise, tártaro e holandês.
Curiosidades: o termo dracunculus (dragão, em latim) vem da semelhança que a raiz do estragão tem com o dragão. Acreditava-se que as plantas cujas raízes tinham esse formato podiam curar picadas de animais venenosos. Ninguém viveu para contar.
Dicas: de ciclo perene, o estragão deve atingir 40 cm de altura antes de ser colhido. Vai bem em solo muito adubado e em ambientes com muita luz.
Manjericão
Nome científico: Ocimum basilicum
Uso culinário: uma das ervas mais consumidas na cozinha de vários países, o manjericão pode ser usado para temperar saladas, em pratos de massa, em omeletes, sanduíches, e molhos de tomate. Acrescente as folhas delicadas do manjericão ao prato cozido, no último instante.
Curiosidades: na Índia, de onde é originário, o manjericão, ou erva rainha, é uma planta quase sagrada. Os gregos a usavam em rituais religiosos, e antes de colhê-la, a mão direita tinha de ser purificada com folhas de carvalho, e a esquerda, lavada em três fontes diferentes.
Dicas: quando o manjericão florir, corte o pendão floral para aumentar o vigor da planta e aumentar sua longevidade.
Variedades: manjericão anão, manjericão gigante e manjericão roxo
Salsinha
Nome científico: Petroselinum crispum
Uso culinário: de sabor suave, a salsinha é muito usada na culinária das regiões sul e sudeste do país, em saladas, sopas, molhos e temperos em geral. Quando cozida, a salsinha destaca o sabor do prato principal. A versão crespa tem sabor semelhante ao da salsinha, mas é mais usada na decoração dos pratos.
Curiosidades: originária da Europa, a salsinha era usada pelos gregos para coroar os vencedores de jogos e em tratamentos medicinais. Foram os romanos, no entanto, que a introduziram na culinária, oferecendo-a aos convidados para prevenir intoxição.
Dicas: de ciclo bianual, a salsinha pode crescer até 30 cm, desde que seja cultivada em solo fértil e em local com bastante luminosidade.
Variedades: salsinha crespa
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