Alporquia
A
alporquia é um dos métodos de propagação vegetativa mais antigos. Indícios
históricos mostram que os chineses já a utilizavam há 4 mil anos com sucesso.
Devido ao fato de não ser tão agressivo como a estaquia, a alporquia é um
método indicado para plantas que têm dificuldade de enraizar por estacas e para
aquelas que queremos rejuvenescer.
A
alporquia é muito semelhante à mergulhia, diferindo desta por ser utilizada sem
vergar os ramos até o solo, levando pelo contrário o solo até o ramo. A
alporquia também pode ser chamada de mergulhia-aérea.
O
método consiste em estimular o crescimento de raízes em um ramo ou no caule
principal de uma planta, sem que esta seja separada da planta mãe. Desta forma,
o ramo que está se desenvolvendo, continua sendo alimentado com seiva, sem
sofrer com a desidratação e o enfraquecimento que geralmente acontecem na
estaquia.
Em
larga escala, a alporquia é um método caro e de baixo rendimento, se comparado
à estaquia, portanto é indicado apenas para plantas que têm dificuldade de se
propagar por outros métodos.
A
alporquia além de método de propagação, também é uma ótima maneira de
rejuvenescer plantas que se desenvolveram demais em altura e apresentam caule
compridos e desfolhados. A alporquia com esta finalidade é comum em Fícus,
Dracenas, Crótons, Filodendros, etc.
Há
duas principais maneiras de se fazer a alporquia. Uma destina-se principalmente
a ramos herbáceos e semi-lenhosos, e consiste em se fazer um pequeno corte transversal
no ramo, mantendo-se o corte aberto. A outra é mais indicada para ramos
lenhosos e trata-se de se fazer dois cortes circulares e paralelos e o
descascaque do local, permanecendo um anel, chamado de anel de Malpighi.
A
diferença principal entre os métodos é que o primeiro não interrompe a
circulação de seiva elaborada, sendo mais suave, e o segundo permite apenas a
circulação de seiva bruta, interrompendo totalmente a passagem da
seiva-elaborada.
O
anelamento também pode ser realizado através do amarrio de um arame metálico,
chamado de “forca” ou “torniquete”. Pode-se fazer ainda um anel incompleto, com
um pequeno segmento permitindo a passagem de seiva elaborada.
Após
o corte, em qualquer um dos métodos, se procede à aproximação de musgo, esfagno
ou outro substrato úmido, envolvendo bem o local, com a utilização ou não de
hormônio enraizador no local do corte. Cobre-se então o substrato com plástico,
preferencialmente escuro, amarrando-se em ambas as extremidades com barbante ou
fita adesiva, sem apertar. Pode-se deixar um pequeno orifício na parte superior
que permita regar o substrato.
Com
o passar de algumas semanas ou meses, dependendo da espécie, as novas raízes já
estarão bem formadas e o alporque poderá ser cortado, logo abaixo das raízes e
replantado em um vaso.
As
raízes nesta fase, são muito finas e delicadas e ao se retirar o plástico, o
pequeno torrão deve ser preservado. Após o plantio em vasos, as mudas assim
formadas devem permanecer em estufa úmida até o completo enraizamento, antes do
plantio no local definitivo.
Plantas
indicadas para propagação por alporquia
Azaleia
|
Bordos
(Acer)
|
Cerejeira
|
Cipreste
|
Pitangueira
|
Romã
|
Jabuticabeira
|
Azevinho
|
Camélia
|
Laranjeira
|
Macieira
|
Nogueira-pecan
|
Pereira
|
Gardênia
|
Magnólia
|
Roseira
|
Dracenas
|
Comigo-ninguém-pode
|
Fícus
|
Filodendro
|
Monstera
|
Cróton
|
Falsa-arália
|
Tuias
|
Pinheiros
|
CUIDADOS: O principal
cuidado é a água. Um dia sem água e todo o processo se perde. Para lugares de
difícil acesso, usamos um plástico sem furos fechado dos dois lados. Assim a própria
transpiração mantém o esfagno úmido. Após retirar o alporque, evite que ele
balance, ou sofra impactos. Quanto mais parado ele ficar, melhor. Aconselhamos
uma estufa.
ESPÉCIES: A maioria das
espécies são passíveis de alporquia. Contudo algumas espécies demoram mais
tempo para responderem, como é o caso das jabuticabeiras e pitangueiras, que
podem levar até 2 anos. Fazer uma lista de espécies seria muito complicado. Para
facilitar, podemos dizes que as espécies de casca grossa e muita seiva, e de
crescimento rápido, são mais fáceis de enraizarem. Mas isso não é regra
absoluta. O Buxus por ex. enraiza em 2 meses.
MATERIAL: Uma folha de
plástico transparente ou um pote plástico. Arame ou borracha; Estilete limpo; Esfagno
(musgo cozido), areia ou outro material que mantenha umidade. Água com
enraizador ou vitamina B em gotas.
PROCEDIMENTO:
a) Como fazer:
- Selecione e limpe o local que vai receber a alporquia.
- É recomendado escovar o tronco ou galho.
- Deixe todo material preparado.
- Faça o corte da mesma largura do tronco ou galho retirando TODA a casca.
- Amarre o plástico ou pote alguns centímetros abaixo do corte.
- Ponha o esfagno umedecido na água com enraizador em volta do corte. Não economize aqui.
- Feche o plástico acima do corte. No caso do pote, não é necessário fechar. Mas precisa estar bem preso ao tronco.
- Molhe abundantemente.
b) Como
retirar:
- Quando as raízes estiverem aparecendo em abundância no plástico, é Hora de cortar.
- Retire o plástico com cuidado.
- Levante cuidadosamente as raízes para ver onde está o antigo corte.
- Com uma serra afiada, corte alguns centímetros abaixo do corte antigo.
- Com um alicate BOLA retire toda a madeira até perto das raízes.
- Plante sua alporquia num pote grande para fortalecer as raízes.
- Amarre firmemente, para que não haja movimento.
- Não deixe pegar sol ou faltar água.
Estaquia
A
propagação vegetativa por estacas consiste em destacar da planta original um
ramo, uma folha ou raiz e colocá-los em um meio adequado para que se forme um
sistema radicular e, ou, desenvolva a parte aérea. A propagação por estacas
baseia-se na faculdade de regeneração dos tecidos e emissão de raízes.
Dentre
os métodos de propagação vegetativa, a estaquia é, ainda, a técnica de maior
viabilidade econômica para o estabelecimento e plantio clonais, pois permite, a
um custo menor, a multiplicação de genótipos selecionados, em curto período de
tempo. Além disso, a estaquia tem a vantagem de não apresentar o problema de
incompatibilidade que ocorre na enxertia (Paiva e Gomes, 2001).
As
estacas herbáceas são obtidas de ramos apicais, sua retirada deve ser feita
pela manhã, quando ainda estão túrgidas e com níveis mais elevados de ácido
abscísico e de etileno, que são elementos favoráveis ao enraizamento (Simão,
1998).
As
estacas lenhosas são obtidas de ramos lenhosos ou lignificados, com idade entre
8 e 15 meses e encontram maior campo de aplicação que as herbáceas e, quase sem
exceção, constituem-se no material básico de propagação de árvores frutíferas
(Simão, 1998), ainda segundo este autor, os principais tipos de estacas
lenhosas com suas características são:
Estaca simples
A estaca
simples é obtida subdividindo-se o ramo em pedaços de 20 a 30 cm de
comprimento. O diâmetro dessa estaca normalmente varia de 0,5 a 1,5 cm e cada
uma deve possuir de 4 a 6 gemas. Esse tipo de material constitui-se num dos
mais efetivos, tanto pelo rendimento que oferece como na prática da estaquia.
Estaca-talão
Difere
da anterior por trazer consigo parte do lenho velho, que se denomina talão. É
obtida destacando-se um ramo no ponto de inserção com outro de dois anos. É
utilizada quando a espécie ou variedade apresenta dificuldade de enraizamento. O
número de estacas, neste tipo, é inferior ao das simples, pois só podem ser
obtidas quando os ramos apresentam bifurcação.
Estaca-cruzeta
Assemelha-se
ao tipo anterior, porém, em vez de ser retirada com um pedaço de lenho velho na
forma de pata de cavalo, é obtida seccionando-se o ramo de dois anos, de modo a
permitir maior porção de lenho. Apresenta o formato de uma cruz.
Estaca-tanchão
É
um tipo de estaca pouco comum, que apresenta comprimento que vaia entre 60 a 80
cm ou mais e diâmetro de 4 a 20 cm. É utilizada na multiplicação de
jabuticabeira, no Brasil e de oliveira, nos países europeus. A presença de
lenho velho na lingueta favorece o enraizamento, por possuir raízes
pré-formadas. O mesmo ocorre com as estacas de talão.
Estaca-gema
O
material de propagação é representado por uma única gema e é utilizado em casos
muito especiais. Seu uso se restringe à multiplicação de material muito valioso
ou quando não se dispõe de material em quantidade suficiente.
Estaca-enxerto
As
estacas de difícil propagação podem ter o seu enraizamento facilitado
utilizando-a com garfo e a estaca de mais fácil enraizamento, como cavalo.
Estacas
subterrâneas
Estaca-raiz
É
um tipo de estaca pouco utilizado. Tem algumas aplicações em pessegueiro,
goiabeira e caquizeiro. A melhor estaca é retirada de plantas com dois a três
anos de idade. A época mais favorável é o fim do inverno e o início da
primavera, quando as raízes estão bem providas de reservas. Ao plantá-la,
deve-se manter a polaridade correta (Simão, 1998).
A
estaca-raiz produz primeiro uma haste adventícia, sobre a qual ocorre o
enraizamento. A polaridade é inerente aos ramos e raízes. A estaca forma o
broto na posição distal e as raízes, na proximal.
Época de
propagação
As
estacas herbáceas, de ponteiro, são multiplicadas durante o ano todo, de
preferência durante a primavera e o verão.
As
lenhosas normalmente são empregadas após a queda das folhas, portanto, quando o
ramo se apresenta outonado. O enraizamento das estacas lenhosas está
intimamente ligado às substâncias de reserva, daí a sua utilização durante o
período de repouso vegetativo.
Preparo das
estacas e da estaquia
As
estacas são preparadas cortando-se os ramos de acordo com o tipo desejado. A
parte superior é secionada a um ou mais centímetros acima da última gema e a
parte inferior, em bisel, com uma gema do lado oposto ao corte.
A
estaquia é feita em terreno preparado, e as estacas são fincadas no solo, de
modo que apenas um terço permaneça exposto ou uma única gema, segundo o tipo de
estaca utilizada. Exceção é feita para a estaca-gema ou semente, a qual requer
os mesmos cuidados que os empregados na propagação de sementes.
Hoje,
com o processo de nebulização, a propagação se tornou mais fácil e econômica. A
nebulização mantém a umidade ao redor da estaca, diminui a temperatura, reduz a
transpiração e a respiração, favorecendo o enraizamento (Simão, 1998).
Desenvolvimento
Anatômico das Raízes nas Estacas
O
processo de desenvolvimento das raízes adventícias nas estacas caulinares pode
ser dividido em três fases: formação de grupos de células meristemáticas (as
iniciais da raiz); diferenciação desses grupos de células em primórdios de raiz
reconhecíveis; e desenvolvimento e emergência das novas raízes, incluindo a
ruptura de outros tecidos do caule e a formação de conexões vasculares com os
tecidos condutores da estaca (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e
Gomes, 2001).
Ainda
de acordo com esses autores, nas estacas de raiz, devem ser produzidos caules
e, em alguns casos, raízes adventícias. Em muitas plantas as gemas adventícias
formam-se com facilidade sobre raízes intactas. Nas raízes jovens, essas gemas
podem originar-se no periciclo, próximo do câmbio vascular, podendo, no início,
ter aspecto de primórdio radicular.
Em
raízes velhas, as gemas podem-se originar exogenamente num crescimento
semelhante ao calo, originado de felógeno. Os primórdios de gemas também podem
desenvolver-se de tecido caloso lesionado, que se prolifera dos extremos
cortados ou das superfícies lesionadas das raízes.
Bases
Fisiológicas da Iniciação de Raízes nas Estacas
Substâncias de
Crescimento nas Plantas
Para
a formação de raízes adventícias em estacas, são necessários certos níveis de
substâncias de crescimento natural na planta, sendo umas mais favoráveis que
outras. Há vários grupos de tais substâncias, dentre eles as auxinas, as
citocininas e as giberelinas.
As
auxinas são as de maior interesse no enraizamento de estacas. Além dos grupos
citados, é provável que haja outras substâncias, de ocorrência natural, que
desempenham alguma função na formação de raízes adventícias (Hartmann e Kester,
1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
A
auxina de presença natural é sintetizada principalmente nas gemas apicais e nas
folhas jovens e, de maneira geral, move-se através da planta, do ápice para a
base (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
Dentre
os compostos com atividades auxínicas têm-se o ácido indolacético, o ácido
indolbutírico, o ácido naftalenoacético e o ácido 2,4-diclorofenoxiacético,
comprovadamente indutores de enraizamento.
As
citocininas são substâncias que estimulam a divisão celular e, quando em níveis
relativamente altos, há formação de gemas; no entanto, inibem a formação de
raízes.
As
substâncias reguladoras de crescimento das plantas, que formam o grupo das
giberelinas, parecem não ser necessárias para a formação de raízes adventícias
e estacas caulinares. Ao contrário, os testes realizados em diversas espécies
de plantas mostram uma inibição do enraizamento.
É
possível que o efeito inibitório das giberelinas no enraizamento de estacas
seja causado pelo estímulo ao crescimento vegetativo, que compete com a
formação da raiz (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
Efeitos de
Folhas e Gemas
É
de grande importância no enraizamento de estacas, em virtude da produção de
auxinas e de outras substâncias que atuam no enraizamento. Em algumas estacas a
remoção das gemas reduz quase que por completo a formação de raízes. Ao remover
um anel de casca, abaixo de uma gema, a formação de raízes é reduzida,
impedindo o fluxo de substâncias promotoras, pelo floema, para a base da estaca.
Há
muitas provas experimentais de que a presença de folhas em estacas exerce forte
influência estimuladora da formação de raízes. Os carboidratos, resultantes da
atividade fotossintética das folhas, também contribuem para a formação de
raízes, embora os efeitos estimuladores de folhas e gemas se devam,
principalmente, à produção de auxina (Hartmann e Kester, 1976, citados por
Paiva e Gomes, 2001).
Inibidores
Endógenos de Enraizamento
As
estacas de algumas plantas de difícil enraizamento não chegam a formar raízes,
em virtude da presença natural de inibidores químicos. Em algumas plantas estes
inibidores podem ser lixiviados, colocando-se as estacas em água corrente,
aumentando assim a capacidade de enraizamento.
A
maior ou menor capacidade de enraizar vai depender do balanço entre as
substâncias promotoras e inibidoras do enraizamento, que, de modo geral, é
muito variável entre as espécies (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e
Gomes, 2001).
Fatores que
Afetam a Propagação por Estacas
Dentre
os vários fatores de que depende o enraizamento de estacas, destacam-se os
ambientais, o estado fisiológico, a maturação, o tipo de propágulo, a sua
origem na copa e a época de coleta, que influenciam, sobretudo, na capacidade e
na rapidez de enraizamento (Gomes, 1987, citado por Paiva e Gomes, 2001). O
sucesso, no entanto, depende de fatores internos e externos.
Fatores
Internos
Espécie
A
capacidade de emissão de raízes por um ramo é uma característica varietal,
devido à interação de fatores inerentes, que se encontram presentes em suas
células, bem como as substâncias produzidas pelas folhas, como: auxina,
carboidratos, compostos nitrogenados e vitaminas. Portanto, a formação de
raízes está associada à fisiologia, à química e à estrutura anatômica.
A
macieira, cerejeira, pessegueiro e mangueira apresentam dificuldades de
enraizar, devido à presença de inibidores de enraizamento. O tratamento com
água aumenta a capacidade de enraizamento (Simão, 1998).
Condição
fisiológica da planta-mãe
Há
consideráveis evidências de que a nutrição da planta-mãe exerce forte
influência sobre o desenvolvimento de raízes e ramos (Hartmann e Kester, 1976,
citados por Paiva e Gomes, 2001).
Estacas
colhidas de uma mesma matriz e submetidas aos mesmos tratamentos respondem
diferentemente quanto à taxa de enraizamento, em diferentes épocas do ano. Isto
está diretamente ligado ao teor de carboidratos armazenados na matriz.
O
teor de carboidratos na planta-mãe deve ser alto e o de nitrogênio baixo. O
teor de fósforo e de potássio tem efeito menor sobre o enraizamento de estacas
(Paiva e Gomes, 2001).
Os
fatores que determinam a condição fisiológica são, ainda, relativamente
desconhecidos, muito embora sejam fundamentais, principalmente no domínio da enzimologia
para o controle do processo. Sabe-se, no entanto, que elevado nível de reservas
com uma elevada relação C/N favorece o enraizamento, desconhecendo-se, todavia,
o metabolismo dos carboidratos (Gomes, 1987, citado por Paiva e Gomes, 2001).
As
reservas parecem ser indispensáveis à sobrevivência do propágulo até o
enraizamento e posterior desenvolvimento. Mesmo nos casos em que há retenção
das folhas pelo propágulo, as reservas a um nível conveniente facilitam a
emissão de raízes e incrementam a fotossíntese. Acrescente-se que boa parte
destas se transferem para a base da estaca, contribuindo para a formação de
primórdios radiculares (Gomes, 1987, citado por Paiva e Gomes, 2001).
Em
plantas com dificuldade de enraizamento, podem-se usar tratamentos para alterar
artificialmente as condições fisiológica da planta-mãe ou de partes dela, por
exemplo, o anelamento de ramos, que provoca aumento no nível de auxinas
naturais acima do corte e diminuição abaixo (Paiva e Gomes, 2001).
Idade da
Planta-mãe
Estacas
de plantas jovens enraízam melhor que as de plantas velhas. O rejuvenescimento,
por meio de poda, favorece o enraizamento. Estacas de plantas jovens,
procedentes de sementes, enraízam com maior facilidade que as estacas retiradas
de plantas da mesma espécie, porém mais velhas (Simão, 1998).
Em
plantas que se propagam facilmente por estacas, a idade da planta-mãe tem pouca
importância, porém, em planas difíceis de enraizar, este fator é relevante. Em
geral, estacas tomadas de plantas jovens (crescimento juvenil) enraízam com
maior facilidade que tomadas de ramos mais velhos (crescimento adulto)
(Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes, 2001).
Pode-se
dizer que quanto mais juvenil o material, maior será o sucesso do enraizamento,
quer expresso em porcentagem, quer pela rapidez de formação e, ainda, pela
qualidade das próprias raízes, bem como pela capacidade de crescimento da nova
planta (Gomes, 1987, citado por Paiva e Gomes, 2001). O problema apresentado
por material adulto é o aparecimento ou a produção de substâncias inibidoras do
enraizamento.
Época do ano
A
época do ano, em alguns casos, pode exercer grande influência sobre o
enraizamento das estacas. Para estacas de folhas caducas, as melhores épocas
são o outono e o inverno e, para as de folhas persistentes, a primavera e o
verão (Simão, 1998).
Para
algumas espécies que enraízam com facilidade, a estacas podem ser colhidas em
qualquer época do ano, enquanto para outras o período de maior enraizamento
coincide com a estação de repouso ou com a estação de crescimento. Para cada
planta específica é necessário que se determine qual a melhor época do ano para
retirar as estacas, a qual está diretamente relacionada com a condição
fisiológica da planta-mãe (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes,
2001).
Tipo de estaca
O
tipo de estaca pode também ser decisivo e deve-se usar o mais adequado. Com
relação às estacas obtidas de ramos, a parte da copa onde é extraído o material
não é indiferente quanto ao resultado do enraizamento. Por uma questão,
normalmente, de maturação fisiológica, a base da copa é mais favorável que a
parte superior para colheita (Paiva e Gomes, 2001).
Os
ramos laterais parecem enraizar melhor e em maior número que os verticais e
também apresentam o dobro de raízes que os vértices ou terminais. O
enraizamento parece ser mais favorável às estacas da parte basal do ramo que as
da parte superior, devido ao maior teor de amido (Simão, 1998).
Fatores
Externos
Umidade
É
fator de grande importância para o sucesso de um programa de propagação
vegetativa por meio de enraizamento de estacas. A retirada das estacas deve ser
feita sempre que possível pela manhã, quando estão ainda túrgidas e com maior
teor de ácido abscísico e de etileno (Simão, 1998).
O
ambiente seco favorece o ressecamento das estacas, reduzindo sua possibilidade
de enraizamento. Umidade relativa mais alta, mantém as estacas túrgidas,
favorecendo o seu enraizamento (Simão, 1998).
A
presença de folhas nas estacas é um forte estímulo para a formação de raízes,
porém a perda de água pela transpiração pode levar as estacas à morte antes que
se formem as raízes. Alto grau de umidade relativa do ar é necessário para
evitar o dessecamento das estacas (Paiva e Gomes, 2001).
Em
espécies que enraízam com facilidade, a rápida formação de raízes permite que a
absorção de água compense a quantidade perdida pela transpiração; porém, em
espécies que enraízam mais lentamente deve-se reduzir a níveis bem baixos a
transpiração pelas folhas, até que se formem as raízes.
Para
contornar o problema da transpiração, deve-se manter a umidade relativa do ar
na região das estacas em torno de 80 a 100%, conservando-se assim a
turgescência dos tecidos.
Pode-se
obter esta umidade relativa com o uso de um sistema de nebulização, que
proporciona a formação de uma fina película de água na superfície da folha,
reduzindo assim, a transpiração e mantendo uma temperatura relativamente
constante na superfície das folhas das estacas.
Temperatura
A
temperatura tem importante função regulatória no metabolismo das estacas,
devendo fornecer condições para que haja indução. A flutuação da temperatura é
prejudicial à sobrevivência das estacas (Bertoloti e Gonçalves, 1980, citados
por Gomes e Paiva, 2001).
Temperaturas
amenas, entre 12 e 27ºC, favorecem o aumento de carboidratos e o enraizamento
das plantas. A estratificação das estacas a baixa temperatura inibe a formação
de raízes e impede a brotação (Simão, 1998).
Luz
Interfere
na produção de carboidratos, de ramos e nas suas características, pela sua
intensidade, qualidade e fotoperiodismo (Simão, 1998). A luminosidade fornecida
às estacas durante o período de enraizamento é de fundamental importância na
emissão de raízes.
Portanto,
deve-se fornecer às estacas com folhas luminosidade máxima, de forma a
propiciar um máximo de fotossíntese, para que haja acúmulo de substâncias
indutoras do enraizamento (Hartmann e Kester, 1976, citados por Paiva e Gomes,
2001).
Nas
condições brasileiras, a intensidade luminosa geralmente precisa ser reduzida,
protegendo a planta com sombrite (50%) ou ripados, para evitar a insolação
excessiva das estacas (Paiva e Gomes, 2001).
Substrato
O
substrato, no qual são colocadas as estacas, influi no sucesso do enraizamento
e vai depender do sistema de irrigação a ser empregado. O meio pode influir
muito não só na porcentagem de enraizamento, como também na qualidade do
sistema radicular que se forma (Paiva e Gomes, 2001).
Há
diferentes tipos de substrato que podem ser usados de forma isolada ou em
mistura com outros. Exemplos: vermiculita, turfa, serragem, areia, casca de
arroz carbonizada, moinha de carvão, terriço (Paiva e Gomes, 2001), solo
(mistura de terra, areia e matéria orgânica), perlita, esfagno, pedra-pomes
(Simão, 1998) e diversas outras misturas destes constituintes.
Qualquer
um desses materiais deve ser suficientemente firme e denso para manter a estaca
até o enraizamento e ser poroso para favorecer a presença de oxigênio e
permitir a percolação do excesso de água, livre de plantas daninhas, patógenos
e nematoides.
Forçamento das
estacas
As
estacas que apresentam dificuldades de enraizamento podem ser tratadas por meio
mecânico e/ou fisiológico.
Mecânico
Os
meios mecânicos consistem em: anelamento, incisões, torções e descascamento e
possibilitam o acúmulo de auxinas e carboidratos, pelo bloqueio das
translocações dessas substâncias e de outros fatores de promoção do
enraizamento, bem como o aumento de células parenquimatosas e de tecidos menos
diferenciados (Simão, 1998).
Fisiológico
Dentre
os meios fisiológicos, temos: estiolação e reguladores de crescimento.
Estiolação
Por
definição, é a exclusão total de luz. Pode ser feita pelo uso de um adesivo
escuro (preto) ou velcro nos ramos ainda presos à planta, por um período de 30
a 40 dias.
A
estiolação aumenta o teor de amido, acentua a sensibilidade à auxina e reduz o
teor de lignina e tem sido associada a mudanças de substâncias fenólicas e à
presença de parênquima descontínuo, o que reduz a barreira mecânica oposta ao
enraizamento (Simão, 1998).
Reguladores de
crescimento
Muitas
plantas possuem quantidade suficiente de hormônio para a iniciação radicular,
enquanto outras apresentam dificuldades para enraizar (Simão, 1998).
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